sábado, novembro 19, 2005

A IMPORTÂNCIA DE SER VOCÊ MESMO

Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o samurai sentiu-se repentinamente inferior.
Ele então disse ao Mestre:-
"Porque me estou a sentir inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente senti-me inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Porque estou a sentir-me assustado agora?
"O Mestre falou:-
"Espere. Quando todos tiverem partido, responderei.
"Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o samurai perguntou novamente:-
"Agora você pode responder-me porque me sinto inferior?
"O Mestre levou-o para fora.
Era um noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte.
Ele disse:-
"Olhe para estas duas árvores, a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado da minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior
"Porque me sinto inferior diante de você? Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o facto, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso.
"O samurai então argumentou:-
"Isto acontece porque elas não se podem comparar.
"E o Mestre replicou:
Então não precisa perguntar-me. Você sabe a resposta. Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer.
Simplesmente olhe à sua volta.
Tudo é necessário e tudo se encaixa.
É uma unidade orgânica, ninguém é mais alto ou mais baixo,
ninguém é superior ou inferior.
Cada um é incomparavelmente único.
Você é necessário e basta.
Na Natureza, tamanho não é diferença.
Tudo é expressão igual de vida.

9 comentários:

Elfo disse...

E por isso mesmo que estou a começar a fechar algumas portas e a deixar entrar uma lufada de ar fresco e gélido por outras que há muito se encontravam cerradas e bolorentas.
Neste momento de Luar apenas vejo o negrume deste vale e o som das águas que correm lá fundo no vale, qual ronronar de um dragão adormecido. Abro a janela do carro e de repente o som da minha oração sobrepõe-se ao ensurdecedor barulho do dragão que engoliu as estrelas e a lua de permeio. Vejo ao longe o clarear da civilidade adormecida num delta, espalhando pelo delta acima, qual mulher adulta na sua fase de maior fertilidade, um aroma de luz que se estende pelas montanhas longínquas.

Dad disse...

Não entendi muito bem a mensagem total do teu comentário, mas fechar e abrir portas na nossa vida é uma constante, acho eu. Eu procurro sempre abrir e nunca fechar nenhumas, mas, às vezes, não há outro remédio... Todo o conteúdo do texto é muito sentido e muito bonito, embora possa haver alguma amargura por detrás dos sons ensurdecedores dos silêncios.
Um beijinho para ti!

Dra. Laura Alho disse...

Procuramos sempre compararmo-nos aos outros e, por vezes, embrenhamo-nos tanto nessa competição que nos esquecemos de ser nós próprios.

Excelente lição! :) * Beijinhos grandes.

Elfo disse...

Ó DAD que saudades que eu tenho dos teus comments no elfo verde e no quirólogo. Talvez lá entendas um pouco mais do que aqui digo, ou então perceberás quando leres o livro se é que alguma vez este verá a luz do dia ou Luar destes Momentos de clareza...!

Dad disse...

Tenho sempre a sensação que escrevo os comentários nos sítios errados, Elfo!Sinto-me um bocado tontinha...parece que a bota não dá com a perdigota...

Elfo disse...

Soem trombetas do céu e tímbalos do inferno e ouçam os acordes da 9ª de Beethoven pois é assim que sinto agora...!

Dad disse...

Ainda bem que estás a ouvir Beethoven! Vai fazer-te bem à alma a troada dos seus sons enérgicos e ao mesmo tempo tão celestiais!

Olha eu continuo a ouvir o Carl Orff pois tenho que ter a Carmina Burana bem metidinha na cabeça. Vai ser um prazer cantá-la pois é uma peça que qualquer pessoa que goste de cantar vai sentir prazer em fazê-lo! Imagino a energia que não estará no palco durante a nossa actuação!

Elfo disse...

Sabias que a Carmina Burana era uma missa profana ou negra?

Hoje estou em paz com a surdez do Beethoven. O coro, mesmo em alemão é grandioso como o que sinto neste momento.

Dad disse...

Sim, mas o profano e o sagrado, misturam-se....e a peça é belissima. Agora que o Concerto foi e tudo correu bem, é que eu possso gritar a plenos pulmões Ó FORTUNA, VELUT LUNA, STATUS VARIABILIS....