terça-feira, fevereiro 26, 2013

PASSOS COELHO CONFESSA-SE

PASSOS COELHO CONFESSA-SE CRIMINOSO Ao deixar derrapar a execução orçamental, ao afundar a economia nacional e ao não cumprir os objectivos que se propôs, designadamente não atingindo a meta do défice (4,5%) com que se comprometeu, o Governo incorreu em responsabilidade criminal. Quem o disse não fui eu. Foi o próprio Dr. Passos Coelho, num discurso de que o "Correio da Manhã" de 6-11-2010 publicou os seguintes excertos: "Se nós temos um Orçamento e não o cumprimos, se dissemos que a despesa devia ser de 100 e ela foi de 300, aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa também têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos e pelas suas acções" "Não podemos permitir que todos aqueles que estão nas empresas privadas ou que estão no Estado fixem objectivos e não os cumpram. Sempre que se falham os objectivos, sempre que a execução do Orçamento derrapa, sempre que arranjamos buracos financeiros onde devíamos estar a criar excedentes de poupança, aquilo que se passa é que há mais pessoas que vão para o desemprego e a economia afunda-se" "Não se pode permitir que os responsáveis pelos maus resultados andem sempre de espinha direita, como se não fosse nada com eles". "Quem impõe tantos sacrifícios às pessoas e não cumpre, merece ou não merece ser responsabilizado civil e criminalmente pelos seus actos?" Proféticas palavras! Pois se assim é, aguarda-se que o Dr. Passos Coelho seja por uma vez coerente e vá entregar-se no posto da G.N.R. de Massamá.

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

AS QUERELAS DO VATICANO

Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de complôs reacionários e ladrões sedentos de poder, imunes e capazes de tudo para defender sua facção. A hierarquia católica deixou uma imagem terrível de seu processo de decomposição moral. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.




Eduardo Febbro - Carta Maior




Paris - Os especialistas em assuntos do Vaticano afirmam que o Papa Bento XVI decidiu renunciar em março passado, depois de regressar de sua viagem ao México e a Cuba. Naquele momento, o papa, que encarna o que o diretor da École Pratique des Hautes Études de Paris (Sorbonne), Philippe Portier, chama “uma continuidade pesada” de seu predecessor, João Paulo II, descobriu em um informe elaborado por um grupo de cardeais os abismos nada espirituais nos quais a igreja havia caído: corrupção, finanças obscuras, guerras fratricidas pelo poder, roubo massivo de documentos secretos, luta entre facções, lavagem de dinheiro. O Vaticano era um ninho de hienas enlouquecidas, um pugilato sem limites nem moral alguma onde a cúria faminta de poder fomentava delações, traições, artimanhas e operações de inteligência para manter suas prerrogativas e privilégios a frente das instituições religiosas.




Muito longe do céu e muito perto dos pecados terrestres, sob o mandato de Bento XVI o Vaticano foi um dos Estados mais obscuros do planeta. Joseph Ratzinger teve o mérito de expor o imenso buraco negro dos padres pedófilos, mas não o de modernizar a igreja ou as práticas vaticanas. Bento XVI foi, como assinala Philippe Portier, um continuador da obra de João Paulo II: “desde 1981 seguiu o reino de seu predecessor acompanhando vários textos importantes que redigiu: a condenação das teologias da libertação dos anos 1984-1986; o Evangelium vitae de 1995 a propósito da doutrina da igreja sobre os temas da vida; o Splendor veritas, um texto fundamental redigido a quatro mãos com Wojtyla”. Esses dois textos citados pelo especialista francês são um compêndio prático da visão reacionária da igreja sobre as questões políticas, sociais e científicas do mundo moderno.




O Monsenhor Georg Gänsweins, fiel secretário pessoal do papa desde 2003, tem em sua página web um lema muito paradoxal: junto ao escudo de um dragão que simboliza a lealdade o lema diz “dar testemunho da verdade”. Mas a verdade, no Vaticano, não é uma moeda corrente. Depois do escândalo provocado pelo vazamento da correspondência secreta do papa e das obscuras finanças do Vaticano, a cúria romana agiu como faria qualquer Estado. Buscou mudar sua imagem com métodos modernos. Para isso contratou o jornalista estadunidense Greg Burke, membro da Opus Dei e ex-integrante da agência Reuters, da revista Time e da cadeia Fox. Burke tinha por missão melhorar a deteriorada imagem da igreja. “Minha ideia é trazer luz”, disse Burke ao assumir o posto. Muito tarde. Não há nada de claro na cúpula da igreja católica.




A divulgação dos documentos secretos do Vaticano orquestrada pelo mordomo do papa, Paolo Gabriele, e muitas outras mãos invisíveis, foi uma operação sabiamente montada cujos detalhes seguem sendo misteriosos: operação contra o poderoso secretário de Estado, Tarcisio Bertone, conspiração para empurrar Bento XVI à renúncia e colocar em seu lugar um italiano na tentativa de frear a luta interna em curso e a avalanche de segredos, os vatileaks fizeram afundar a tarefa de limpeza confiada a Greg Burke. Um inferno de paredes pintadas com anjos não é fácil de redesenhar.




Bento XVI acabou enrolado pelas contradições que ele mesmo suscitou. Estas são tais que, uma vez tornada pública sua renúncia, os tradicionalistas da Fraternidade de São Pio X, fundada pelo Monsenhor Lefebvre, saudaram a figura do Papa. Não é para menos: uma das primeiras missões que Ratzinger empreendeu consistiu em suprimir as sanções canônicas adotadas contra os partidários fascistóides e ultrarreacionários do Mosenhor Levebvre e, por conseguinte, legitimar no seio da igreja essa corrente retrógada que, de Pinochet a Videla, apoiou quase todas as ditaduras de ultradireita do mundo.




Bento XVI não foi o sumo pontífice da luz que seus retratistas se empenham em pintar, mas sim o contrário. Philippe Portier assinala a respeito que o papa“se deixou engolir pela opacidade que se instalou sob seu reinado”. E a primeira delas não é doutrinária, mas sim financeira. O Vaticano é um tenebroso gestor de dinheiro e muitas das querelas que surgiram no último ano têm a ver com as finanças, as contas maquiadas e o dinheiro dissimulado. Esta é a herança financeira deixada por João Paulo II, que, para muitos especialistas, explica a crise atual.




Em setembro de 2009, Ratzinger nomeou o banqueiro Ettore Gotti Tedeschi para o posto de presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o banco do Vaticano. Próximo à Opus Deis, representante do Banco Santander na Itália desde 1992, Gotti Tedeschi participou da preparação da encíclica social e econômica Caritas in veritate, publicada pelo papa Bento XVI em julho passado. A encíclica exige mais justiça social e propõe regras mais transparentes para o sistema financeiro mundial. Tedeschi teve como objetivo ordenar as turvas águas das finanças do Vaticano. As contas da Santa Sé são um labirinto de corrupção e lavagem de dinheiro cujas origens mais conhecidas remontam ao final dos anos 80, quando a justiça italiana emitiu uma ordem de prisão contra o arcebispo norteamericano Paul Marcinkus, o chamado “banqueiro de Deus”, presidente do IOR e máximo responsável pelos investimentos do Vaticano na época.




João Paulo II usou o argumento da soberania territorial do Vaticano para evitar a prisão e salvá-lo da cadeia. Não é de se estranhar, pois devia muito a ele. Nos anos 70, Marcinkus havia passado dinheiro “não contabilizado” do IOR para as contas do sindicato polonês Solidariedade, algo que Karol Wojtyla não esqueceu jamais. Marcinkus terminou seus dias jogando golfe em Phoenix, em meio a um gigantesco buraco negro de perdas e investimentos mafiosos, além de vários cadáveres. No dia 18 de junho de 1982 apareceu um cadáver enforcado na ponte de Blackfriars, em Londres. O corpo era de Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano. Seu aparente suicídio expôs uma imensa trama de corrupção que incluía, além do Banco Ambrosiano, a loja maçônica Propaganda 2 (mais conhecida como P-2), dirigida por Licio Gelli e o próprio IOR de Marcinkus.




Ettore Gotti Tedeschi recebeu uma missão quase impossível e só permaneceu três anos a frente do IOR. Ele foi demitido de forma fulminante em 2012 por supostas“irregularidades” em sua gestão. Tedeschi saiu do banco poucas horas depois da detenção do mordomo do Papa, justamente no momento em que o Vaticano estava sendo investigado por suposta violação das normas contra a lavagem de dinheiro. Na verdade, a expulsão de Tedeschi constitui outro episódio da guerra entre facções no Vaticano. Quando assumiu seu posto, Tedeschi começou a elaborar um informe secreto onde registrou o que foi descobrindo: contas secretas onde se escondia dinheiro sujo de “políticos, intermediários, construtores e altos funcionários do Estado”. Até Matteo Messina Dernaro, o novo chefe da Cosa Nostra, tinha seu dinheiro depositado no IOR por meio de laranjas.




Aí começou o infortúnio de Tedeschi. Quem conhece bem o Vaticano diz que o banqueiro amigo do papa foi vítima de um complô armado por conselheiros do banco com o respaldo do secretário de Estado, Monsenhor Bertone, um inimigo pessoal de Tedeschi e responsável pela comissão de cardeais que fiscaliza o funcionamento do banco. Sua destituição veio acompanhada pela difusão de um “documento” que o vinculava ao vazamento de documentos roubados do papa.




Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de complôs reacionários e ladrões sedentos de poder, imunes e capazes de tudo para defender sua facção. A hierarquia católica deixou uma imagem terrível de seu processo de decomposição moral. Nada muito diferente do mundo no qual vivemos: corrupção, capitalismo suicida, proteção de privilegiados, circuitos de poder que se autoalimentam, o Vaticano não é mais do que um reflexo pontual e decadente da própria decadência do sistema.

quinta-feira, fevereiro 14, 2013

UM BELISSIMO TEXTO DE ISABEL DO CARMO

Este texto é de Isabel do Carmo (médica). E tem toda a razão. O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar "verdade", que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que... Não interessa. Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os "remediados" só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia "mais tenrinho" para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse "a fénico". Não, não era a "alimentação mediterrânica", nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência. Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de "longa" duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos "balões" ("Olha, hoje houve um ' balão' na Cuf, coitados!"). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver "como é que elas iam vestidas". Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a "obra das Mães" e fazia-se anualmente "o berço" nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem- comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja). Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos ("Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho"). As pessoas iam à "Caixa", que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma "boa zurrapa". E todos por todo o lado pediam "um jeitinho", "um empenhozinho", "um padrinho", "depois dou-lhe qualquer coisinha", "olhe que no Natal não me esqueço de si" e procuravam "conhecer lá alguém". Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema. Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e... supremo desígnio - Madame. Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por "mangas-de-alpaca" porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco. Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal

AVÔ E NETO - 10 ESCUDOS

« Sabes, João, quando eu era pequeno, a minha mãe dava-me dez escudos = (+/-)5 cêntimos hoje, e com isso mandava-me à mercearia da esquina.Então eu voltava com um pacote de manteiga, dois litros de leite, um saco de batatas, um queijo, um pacote de açúcar, um pão e uma dúzia de ovos..!"E o João respondeu-lhe:«Mas avô, na tua época não havia câmaras de vigilância?»

terça-feira, fevereiro 12, 2013

UMA VELHINHA MORRE

Uma velhinha morre, e ao chegar ao céu pergunta ao guardião dos portões:


- Porque é que existem 2 portas, uma azul e outra vermelha ?

São Pedro então responde:

- A azul leva ao Céu, a vermelha desce ao Inferno, pode escolher...

Nisto, ouve-se uma gritaria e o barulho de berbequim atrás da porta azul.

- Mas o que é isto??!!! - Pergunta a velhinha.

Nada... é uma alma que acabou de chegar e estão a furar-lhe as costas para pôr as asas.

A velhinha fica indecisa, quando de repente se ouve nova gritaria atrás da porta azul.

- E esta gritaria o que é??!!!

- Nada... é que estão a furar a cabeça da alma para pôr a auréola.

- Que merda !!... Eu não quero ir para o Céu, vou para o Inferno!

- Mas lá o Diabo costuma violar todas as mulheres!...

- Quero lá saber... Pelo menos os buracos já estão feitos!







domingo, fevereiro 10, 2013

FOTOSGRAFIAS


É da torre mais alta do meu pranto que eu canto este meu sangue este meu povo. Dessa torre maior em que apenas sou grande por me cantar de novo. Cantar como quem despe a ganga da tristeza e põe a nu a espádua da saudade chama que nasce e cresce e morre acesa em plena liberdade. É da voz do meu povo uma criança seminua nas docas de Lisboa que eu ganho a minha voz caldo verde sem esperança laranja de humildade amarga lança até que a voz me doa. Mas nunca se dói só quem a cantar magoa dói-me o Tejo vazio dói-me a miséria apunhalada na garganta. Dói-me o sangue vencido a nódoa negra punhada no meu canto. Ary dos Santos, in 'Fotosgrafias'




FEIRA DA LADRA

É na Feira da Ladra que eu relembro


uma toalha velha, toda em linho,
que já serviu uma noite de Dezembro,
e agora cheira a Setembro,
como o Outono sabe a vinho.
Não valem muito mais que dois pintores
os quadros das paisagens
que eu já sei,
mas valem, pelos frutos, pelas flores
que em São Vicente das Dores,
fora de mim, eu pintei.
O que é que eu vou roubar à Feira?
Um beijo de mulher trigueira.
Aqui um coração, ali uma gravura.
É a Feira da Ladra ternura.
O que é que eu vou trazer da Feira?
Um corpo de mulher braseira.
Aqui está um lençol, bordado como dantes.
Esta Feira da Ladra é dos amantes.
E na Feira da Ladra nos vingamos
dum pouco desse tempo que morreu.
Em cada botão velho que compramos
há sempre uma corja de amos
que em Abril, Abril venceu.
Agora não compramos velharias,
tudo passado é lastro do futuro.
Nascemos para o sol todos os dias,
na nossa Feira da Ladra
já não há ladrões no escuro.
O que é que eu vou roubar à Feira?
Um beijo de mulher trigueira.
Aqui um coração, ali uma gravura.
É a Feira da Ladra ternura.
O que é que eu vou trazer da Feira?
Um corpo de mulher braseira.
Aqui está um lençol, bordado como dantes.
Eis a Feira da Ladra dos amantes.
Jos é Carlos Ary dos Santos

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Retrato de uma princesa desconhecida

                                           Retrato de uma princesa desconhecida




Para que ela tivesse um pescoço tão fino

Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule

Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos

Para que a sua espinha fosse tão direita

E ela usasse a cabeça tão erguida

Com uma tão simples claridade sobre a testa

Foram necessárias sucessivas gerações de escravos

De corpo dobrado e grossas mãos pacientes

Servindo sucessivas gerações de príncipes

Ainda um pouco toscos e grosseiros

Ávidos cruéis e fraudulentos



Foi um imenso desperdiçar de gente

Para que ela fosse aquela perfeição

Solitária exilada sem destino





Sophia de Mello Breyner Andresen



PROFESSOR E ALUNOS

Professor:
O que devo fazer para repartir 11 batatas por 7 pessoas?
Aluno:
Puré de batata, senhor professor

O professor ao ensinar os verbos:
- Se és tu a cantar, dizes: "eu canto". Ora bem, se é o teu irmão que canta, como é que dizes?
- Cala a boca, Alberto

- "Stora", alguém pode ser castigado por uma coisa que não fez?
- Não.
- Fixe. É que eu não fiz os trabalhos de casa.

- Manuel , diga o presente do indicativo do verbo caminhar.
- Eu caminho... tu caminhas... ele caminha...
- Mais depressa!
- Nós corremos, vós correis, eles correm!

Professor:
Chovia que tempo é?
Aluno:
É tempo muito mau, senhor professor.

Professor:
De onde vem a electricidade?
Aluno:
Do Jardim Zoológico!
Professor:
Do Jardim Zoológico?
Aluno:
Pois! O meu pai, quando falta a luz em casa, diz sempre: "Aqueles camelos...".

Professor:
Quantos corações temos nós?
Aluno:
Dois, senhor professor.
Professor:
Dois!?
Aluno:
Sim, o meu e o seu!

Dois alunos chegam tarde à escola e justificam-se:
- 1º Aluno:
Acordei tarde, senhor professor! Sonhei que fui à Polinésia e demorou muito a viagem.
- 2º Aluno:
E eu fui esperá-lo ao aeroporto!

Professor:
Pode dizer-me o nome de cinco coisas que contenham leite?
Aluno:
Sim, senhor professor:
Um queijo e quatro vacas.

Um aluno de Direito a fazer um exame oral:
O que é uma fraude?
Responde o aluno:
É o que o Sr. Professor está a fazer.
O professor muito indignado:
Ora essa, explique-se...
Diz o aluno:
Segundo o Código Penal comete fraude todo aquele que se aproveita da ignorância do outro para o prejudicar!

Professora: Maria, aponta no mapa onde fica a América do Norte.
Maria: Aqui está.
Professora: Correcto. Agora turma, quem descobriu a América?
Turma: A Maria.

Professora: João, menciona uma coisa importante que exista hoje e que não havia há 10 anos atrás.
João: Eu!

Professora: Francisco, porque é que andas sempre tão sujo?
Francisco: Bem, estou muito mais perto do chão do que a Sr.ª. Professora.

Professora: Agora, Simão, diz-me sinceramente, rezas antes de cada refeição?
Simão: Não professora, não preciso. A minha mãe é uma boa cozinheira.

Professora: Artur, a tua composição "O Meu Cão" é exactamente igual à do teu irmão. Copiaste-a?
Simão: Não. O cão é que é o mesmo.

Professora: Bruno, que nome se dá a uma pessoa que continua a falar, mesmo quando os outros não estão interessados?

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

CONTRIBUINTE

Um contribuinte teve sua declaração rejeitada pelas Finanças porque, aparentemente, respondeu a uma das questões incorrectamente.

Em resposta à pergunta "Quantos dependentes tem?" o homem escreveu:
"50.000 imigrantes ilegais, 10.000 drogados, centenas de ex-governantes e administradores de EPs reformados antes dos 65 anos, 200.000 subsidio dependentes, 200 generais e almirantes, 13.000 criminosos presos, assessores ministeriais, boys e girls das Fundações, beneficários das PPPs, banqueiros corruptos, além de uma cambada de políticos em Lisboa e nos municípios espalhados pelo país.


As Finanças afirmaram que o preenchimento era inaceitável.



Interrogação do homem às Finanças:


- De quem foi que eu me esqueci?

Angela Merkel

A fúria que muitos sentem relativamente à chanceler alemã Angela Merkel é compreensível. Mas não foi Angela Merkel a responsável pelo estado a que chegámos, pela crise em que nos mergulharam, pelo enorme endividamento das famílias ou pelos esquemas de corrupção que exauriram as contas públicas.Por:Paulo Morais, Professor universitário
Foi Cavaco Silva, e não Merkel, que enquanto primeiro-ministro permitiu o desbaratar de fundos europeus em obras faraónicas e inúteis, desde piscinas e pavilhões desportivos sem utentes, ao desnecessário Centro Cultural de Belém. Foi o seu ministro Ferreira do Amaral que hipotecou o estado no negócio tipo PPP que ele actualmente gere (!!!!!!!) da Ponte Vasco da Gama.
Foi António Guterres, e não Merkel, que decidiu esbanjar centenas de milhões de euros na construção de dez estádios de futebol (pela mão do Dr. Arnaut). Foi também no seu tempo que se construiu o Parque das Nações (terminou com António Vitorino), o negócio imobiliário mais ruinoso para o estado em toda a história de Portugal.
Foi mais tarde, já com Durão Barroso e o seu ministro da defesa Paulo Portas, que ocorreu o caso de corrupção (?) na compra de 2 submarinos a uma empresa alemã. E enquanto no país de Merkel os corruptores estão presos, por cá nada acontece.
Mas o descalabro maior ainda estava para chegar. Os mandatos de José Sócrates ficarão para a história como aqueles em que os socialistas entregaram os principais negócios de estado ao grande capital. Concederam-se privilégios sem fim à EDP e aos seus parceiros das energias renováveis (torres de vento fabricadas em Espanha na sua maioria); celebraram-se os mais ruinosos contratos de parceria público-privada (as célebres PPP de má memória), com todos os lucros garantidos aos concessionários, correndo o estado todos os riscos (Como hoje referiu em pormenor o Bastonário da Ordem dos Advogados no seu discurso na Abertura do Ano Judicial). O seu ministro Teixeira dos Santos nacionalizou e assumiu todos os prejuízos do BPN, mas esqueceu-se de passar para a esfera do Estado os activos lucrativos da SLN hoje camuflados na Galilei.
Finalmente, chegou Passos Coelho, que prometeu nos discursos eleitoralistas, não aumentar impostos nem tocar nos subsídios dos reformados, mas quando assumiu o poder, fez logo exactamente o contrário. Também não é Merkel a culpada dessa incoerência, nem tão pouco é responsável pelos disparates de Vítor Gaspar, que não pára de subir taxas de impostos. A colecta diminui, a dívida pública cresce, a economia soçobra.
A raiva face aos dirigentes políticos deve ser dirigida a outros que não à chanceler alemã. Aliás, os que fazem de Angela Merkel o bode expiatório dos nossos problemas estão implicitamente a amnistiar os verdadeiros culpados.


In Correio da Manhã, 13/11/2012


Convém relembrar... é que neste País há um grave problema de "perda de memória".(vulgo Alzheimer).
Afinal, quem é que os pôs lá? Então vão-se queixar ao… (esse mesmo … !)

ESCRITO POR MIA COUTO - A PORTA

Era uma vez uma porta, que em Moçambique, abria para Moçambique.Junto da porta havia um porteiro.Chegou um indiano moçambicano e pediu para passar.O porteiro escutou vozes dizendo:- Não abras! Essa gente tem a mania que passa à frente!E a porta não foi aberta.Chegou um mulato moçambicano, querendo entrar.De novo se escutaram protestos:- Não deixa entrar, esses não são a maioria.Apareceu um moçambicano branco e o porteiro foi assaltado por protestos:- Não abre! Esses não são originais!E a porta não se abriu.Apareceu um negro moçambicano solicitando passagem.E logo surgiram protestos:- Esse aí é do Sul! Estamos cansados dessas preferências…E o porteiro negou passagem.Apareceu outro moçambicano de raça negra, reclamando passagem:- Se você deixar passar esse aí, nós vamos-te acusar de tribalismo!O porteiro voltou a guardar a chave, negando aceder o pedido.Foi então que surgiu um estrangeiro, mandando em inglês, com a carteira cheia de dinheiro.Comprou a porta, comprou o porteiro e meteu a chave no bolso.Depois, mais nenhum moçambicano passou por aquela porta que, em tempos,se abria de Moçambique para Moçambique.

Mia Couto

terça-feira, fevereiro 05, 2013

A SABEDORIA DO MAHATMA GHANDI

COMO AS FLORES SÃO FRÁGEIS...



Na fragilidade das flores
encontro explicações
para o ciclo tão ténue da nossa vida.
Se elas morrem depois de
nos deliciarem com a sua beleza e o
seu perfume
porque lamentamos nós a nossa
vida finita?


Pensamento do dia

DAD

Esta é uma das minhas pinturas, espero que gostem!

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

A LÓGICA DO CÃO

A razão de um cão ter tantos amigos, deve-se ao facto de ele dar ao rabo, em vez de dar à língua !!!... The reason a dog has so many friends, is due to the fact that it wags the tail, instead of the tongue !!! ... (Anónimo)

NA CORRENTE DO TEMPO


Na corrente do tempo um sonho maduro
Nos restos de luz um rosto magoado
Na pedra rugosa, um mandamento novo
Na pureza da água, a tempera do fogo
no betão em riste, a solidão dos dias
Em olhos mortiços, o fio da meada,
Num sorriso doce, o saber de um povo
Na tristeza assumida a semente
Na dor insofrida, o adubo
Na esperança dorida, o futuro

André Moa

ROSA DE LAGOS

Minha rosa de Lagos,
na tua alegria esfusiante,
exalas em toda a parte,
a sensibilidade e a arte.

De corpo inteiro
na tua integridade espiritual,
Há sempre um meio e um espaço
para quem de ti espera,
o apoio atempado
e sempre original.

Não há horizontalidade em ti,
a alma tem tal altura
que nos obrigas a levantar os olhos
para te vermos, como quem olha o céu.

Eu, de mim saturado
sei que não tardarás a aparecer.
Então, confortado,
aguardo a gargalhada salutar
profundamente agradecido.

Ouço-te, depois, religiosamente,
apoximando-me um pouco mais de Deus
após a tua aula a este repetente

Ernesto Gomes Leandro

domingo, fevereiro 03, 2013

As finanças dos portugueses


Frase do dia:


"Hoje de manhã fazia tanto frio, que até o Ministro das Finanças tinha as mãos dentro dos seus próprios bolsos!"
(Manuel Freire)