domingo, dezembro 27, 2009

FALAR SOBRE UM GRANDE PORTUGUÊS E UM HOMEM BOM


(Dr.Fernando Nobre)
Se há pessoa que eu, desde sempre admirei, é o Dr. Fernando Nobre.
Transcrevo a entrevista que concedeu à Revista Única, pois poderá ser o meu pequeno contributo para um melhor conhecimento desta personagem admirável!

Fernando Nobre, presidente e fundador da AMI, entrevista à Revista Única
(...)
O meu maior grito é, hoje, o apelo por uma cidadania global solidária. Sem o pilar de uma cidadania forte não vejo solução para os problemas. Embora, no país, tenhamos fenómenos só nossos, também estamos submetidos aos grandes fenómenos globais. Por isso, a cidadania tem de ser global, senão também não abarcamos a dimensão dos problemas.

Cidadania global com um governo global?

Eu sou daqueles que sonho... Há mais de trinta anos, tinha 20, estava eu, jovem, na faculdade em Bruxelas, pensava nisso, que um dia gostaria de ter no meu passaporte só terrestre.

Acha possível?

Não será para a minha vivência, mas acho que par aos meus netos e bisnetos... Penso que haverá, esse é o meu sonho, um governo global liderado por valores éticos e posturas como a de homens e mulheres do género de um Gandhi, de um Nelson Mandela, de uma Madre Teresa, de um Martin Luther King, enfim, de pessoas que foram verdadeiras luzes. Pessoas, umas 20, seleccionadas no quatro cantos do mundo, pessoas de grande gabarito moral, ético, e também, intelectual, que dariam orientações para o caminhar.

(...)

... eu diria que estamos a assistir a um paradoxo. E eu tenho quatro filhos, sou professor e analiso uma nova geração. Por um lado, uma grande preocupação quanto a questões ambientais, por outro lado uma grande inquietação sobre o seu futuro económico e entrada no mercado laboral, estamos a viver transformações extremamente profundas e eles estão entalados entre duas tendências. Eu estou esperançado de que esta nova geração, a bem ou a mal, também não lhe vai restar muitas alternativas, vai ter que resolver as coisas que a, infelizmente, a minha geração deixou agravarem-se para lá de um limite aceitável, porque infelizmente se acomodou e alguma liderança entrou, ouso dizê-lo, em perfeito desvario. Se não for em nome do humanismo que seja em nome da inteligência, que já tem a ver com segurança e estabilidade social.

(...)

"Há momentos em que a nossa consciência nos impede, perante acontecimentos trágicos, de ficarmos silenciosos porque ao não reagirmos estamos a ser cúmplices dos mesmos por concordância, omissão ou cobardia.
O que está a acontecer entre Gaza e Israel é um desses momentos. É intolerável, é inaceitável e é execrável a chacina que o governo de Israel e as suas poderosíssimas forças armadas estão a executar em Gaza a pretexto do lançamento de roquetes por parte dos resistentes ("terroristas") do movimento Hamas."

Fernando Nobre
Presidente e fundador
da AMI Assistência Médica Internacional



AEROPORTO DE LISBOA

Afinal eu estava enganada! Em Portugal aconteceu o que se vê no video acima, no aeroporto de Lisboa! Não foi no mercado mas sim no aeroporto de Lisboa! Interessante...

quinta-feira, dezembro 24, 2009

NATAL DOS POBRES

Gostei imenso deste poema que está publicado

como comentário no Blog:

http://diariodeumpacienteii.blogspot.com/

A sua autora é a Maria, cujo Blog indico abaixo:

Pareceu-me um grande poema que

retrata bem a triste realidade destes dias

de míngua de pão e de emprego!

Gostei muito!

Dad

Na casa pobre, triste e escura
Gelada, sem nada sobre a mesa,
Há fome, amargura, frio, tristeza,
Copos vazios e uma côdea dura.

À meia-noite em ponto, um gemido,
Uma praga, um grito de revolta,
Palavras sem sentido à rédea solta,
Que só traduzem o ódio ressentido.

Nos caixotes do lixo amontoados
Os restos dos banquetes dos senhores.
Ossos, restos de pão, bolos mordidos.

E eles, de madrugada esfomeados,
Vão como os cães virar os contentores
E matam a fome em restos já comidos.

Natal de 2009 Maria

http://alcatruzesdaroda.blogspot.com/

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Trespasse

Quem tiver sonhos, guarde-os bem fechados
— com naftalina — num baú inútil.
Por mim abdico desses vãos cuidados.
Deixai-me ser liricamente fútil!

Estou resolvido. Vou abrir falência.
(Bandeira rubra desfraldada ao vento:
"Hoje, leilão!") Liquida-se a existência
— por retirada para o esquecimento ...


(Daniel Filipe)
Este foi um dos poeta que marcou a minha adolescência. Recordo-o hoje!

quarta-feira, dezembro 16, 2009

O PALHAÇO - por Mário Crespo


O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco.
E diz que não fez nada.
O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso.
O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes.
Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si.
O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos.
Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos.
E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa.
O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos.
O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas.
O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém.
Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem.
O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público.
E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal.
Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço.
Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.

domingo, dezembro 06, 2009

Há dias que nos deixam saudades.
Hoje foi um deles. Encontro de amigos antigos
E de outros que acabámos de conhecer, mas que
Irão para o rol daqueles com quem provavelmente
Haveremos de trocar mails ou visitar o seu espaço
Na blogosfera.

E foi a comemoração do “para além de Tabuaço”
Que o poeta André Moa proporcionou a um punhado de amigos, neste dia chuvoso mas onde
O sol da amizade e da boa disposição brilhou continuamente!
Foi muito agradável!
E que assim seja sempre!

Dad

domingo, novembro 29, 2009


ENTRE A ÁGUA E O FOGO HÁ
UM TÁCITO ACORDO
UM LÍQUIDO E FUGAZ ENLEIO
UM ABRASADOR ENLEVO
UM PENETRANTE AFAGO
RUBROS REQUEBROS
DESMAIADOS REFRIGÉRIOS
BORBULHAR DE PAIXÕES TELÚRICAS
PEIXES VERMELHOS COMO SE FOSSEM
LABAREDAS SEQUIOSAS À FLOR DAS ÁGUAS
TRANSLÚCIDOS RUBIS A ENFEITAR O COLO
DE VIRGENS EM SOBRESSALTO
A SAUDAR A INICIAÇÃO DO AMOR
ENTRE CASCATAS DE ÁGUA E FOGO EM CACHÃO
EM GESTOS FULMINANTES QUE NOS LEVAM
DA RAZÃO AO SENTIMENTO
DO SENTIMENTO À RAZÃO

ASSIM BATE A VIDA NO CORAÇÃO DAS ÁGUAS
ASSIM BATE O CORAÇÃO

André Moa
(http://diariodeumpacienteii.blogspot.com/)

No dia dos teus anos, um grande abraço
com a nossa terna e eterna amizade!

Dad

terça-feira, novembro 24, 2009

TAMBÉM É BOM LER COISAS BOAS!


"EU CONHEÇO UM PAÍS..."


Nicolau Santos, Director - adjunto do Jornal Expresso,

In Revista "Exportar"

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade mundial de recém-nascidos, melhor que a média da UE.

Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.

Eu conheço um país que é líder mundial na produção de feltros para chapéus.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende no exterior para dezenas de mercados.

Eu conheço um país que tem uma empresa que concebeu um sistema pelo qual você pode escolher, no seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventou um sistema
biométrico de pagamento nas bombas de gasolina.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventou uma bilha de gás muito leve que já ganhou prémios internacionais.

Eu conheço um país que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, permitindo operações inexistentes na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos.

Eu conheço um país que revolucionou o sistema financeiro e tem três Bancos nos cinco primeiros da Europa.

Eu conheço um país que está muito avançado na investigação e produção de energia através das ondas do mar e do vento.

Eu conheço um país que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os toda a EU.

Eu conheço um país que desenvolveu sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos às PMES.

Eu conheço um país que tem diversas empresas a trabalhar para a NASA e a Agência Espacial Europeia.

Eu conheço um país que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas.

Eu conheço um país que inventou e produz um medicamento anti-epiléptico para o mercado mundial.

Eu conheço um país que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça.

Eu conheço um país que produz um vinho que em duas provas ibéricas superou vários dos melhore vinhos espanhóis.

Eu conheço um país que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamento de pré-pagos para telemóveis.

Eu conheço um país que construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pelo Mundo.

O leitor, possivelmente, não reconheceu neste país aquele em que vive...

PORTUGAL

Mas é verdade.Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.

Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Out Systems, WeDo, Quinta do Monte d'Oiro, Brisa Space Services, Bial, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Portugal Telecom Inovação, Grupos Vila Galé, Amorim, Pestana, Porto Bay e BES Turismo.

Há ainda grandes empresas multinacionais instalada no País, mas dirigidas por portugueses, com técnicos portugueses, de reconhecido sucesso junto das casas mãe,como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal e a Mc Donalds (que desenvolveu e aperfeiçoou em Portugal um sistema que permite quantificar as refeições e tipo que são vendidas em cada e todos os estabelecimentos da cadeia em todo o mundo ) .

É este o País de sucesso em que também vivemos, estatisticamente sempre na cauda da Europa, com péssimos índices na educação, e gravíssimos problemas no ambiente e na saúde... do que se atrasou em relação à média UE...etc.

Mas só falamos do País que está mal, daquele que não acompanhou o progresso.


É tempo de mostrarmos ao mundo os nossos sucessos e nos orgulharmos disso.






quinta-feira, novembro 05, 2009


Os intocáveis

O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.
Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.
O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras. Com a lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação. Foi para isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato. Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a Universidade Independente. Licenciaram-se os dois nas ciências lá disponíveis quase na mesma altura. Mas sobretudo, Vara geria (de facto ainda gere) milhões em dinheiros públicos. Por esses, Sócrates tem de responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.
Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso. Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim. Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública. Estes silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano. Lida cá fora a mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito em Portugal: nos grandes ninguém toca.

quarta-feira, novembro 04, 2009

O TEMPO PASSA E....


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que
um lampejo misterioso da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,
da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,
tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos,
iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
e não se malgando e fundindo, apesar disso,
pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
Guerra Junqueiro, 1896.

segunda-feira, setembro 14, 2009

sábado, setembro 12, 2009

Estátuas humanas...

Estátuas de gente imitando barro
numa rua movimentada da cidade.
Paradas e, aos nossos olhos sem respirar
o ar da cidade violada de anseios
da vida com que se sonhou e se enrolou e se arrastou,
nos labirintos do medo em que nos movemos.

Na rua, as estátuas humanas, imitando o barro...
com que moldamos os nossos sonhos desfeitos...

Em Lisboa...



domingo, agosto 30, 2009

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,Eu era feliz e ninguém estava morto.Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,De ser inteligente para entre a família,E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,O que fui de coração e parentesco.O que fui de serões de meia-província,O que fui de amarem-me e eu ser menino,O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...A que distância!...(Nem o acho...)O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,Pondo grelado nas paredes...O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhaslágrimas),O que eu sou hoje é terem vendido a casa,É terem morrido todos,É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,Por uma viagem metafísica e carnal,Com uma dualidade de eu para mim...Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...Pára, meu coração!Não penses! Deixa o pensar na cabeça!Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!Hoje já não faço anos.Duro.Somam-se-me dias.Serei velho quando o for.Mais nada.Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
(Fernando Pessoa / Álvaro de Campos)

sexta-feira, junho 26, 2009

Flores



Deste poeta, meu amigo, Ernesto Leandro, recebi o poema que,
com muito gosto, publico.
Desejo-vos um excelente fim de semana!

Dad

Flores


DÁDIVA MÚTUA

Abre os braços e agarra
O que te dou
Sem a urgência
De dádivas passadas.
É do poeta que, cansado,
Descansou
De longas caminhadas.
Levanto-me para começar
Um novo poema,
Mas em vão.
Desconsolado, constato
Que estou mais para receber
Que para dar.
Perguntas qual a razão?
Ela está no facto das rosas que amei
Terem murchado...
Mas grato te bendigo,
Quando contigo
Passo do meu inverno gelado
À Primavera em que te encontrei!

(Ernesto Leandro)

Flores



segunda-feira, abril 13, 2009

Há bocado e a propósito de um pequeno bouquet de flores de amendoeira, lembrei-me da minha infância e da lenda...









Quando eu era pequena e morava no Algarve,
contaram-me a lenda das amendoeiras do Algarve,
assim...



No tempo em que os mouros reinavam no Algarve,
havia um Rei mouro que se apaixonou por uma linda
Princesa do Norte da Europa e acabou por casar-se
com ela e levá-la para o Algarve.
A Princesa gostava do seu Rei mas vivia amargurada
com saudades da neve da sua terra...
No Algarve nunca nevava...só fazia calor...
Os olhos da princesa vestiam-se de névoas e mágoas
com saudades da sua terra e o Rei definhava por ver
o sofrimento do seu amor...
Então o Rei teve uma ideia brilhante! Mandou plantar
amendoeiras por todo o seu Reino e no dia que as
amendoeiras floriram, levou a sua Princesa à mais alta
torre do castelo e mostrou-lhe uma imensidade de branco
que era a grande profusão das amendoeiras em flôr!

A princesa sorriu, o rosto iluminou-se de alegria e a felicidade do Rei ficou completa porque ao olhar as amendoeiras em flôr
a sua amada esposa matava saudades da neve da sua terra e ficava feliz!

Todos os anos, no Algarve, se aguarda esta época linda da floração das amendoeiras, embora a quantidade seja cada vez menor...
Espero que, apesar de tudo, as amendoeiras do Algarve não desapareçam!

(Dad)




quinta-feira, abril 09, 2009

PÁSCOA 2009

Glitter Para Orkut

Queridos Amigos e visitantes!
Desejo a todos uma Páscoa 2009
muito feliz, na companhia de
todos aqueles que amam!
Beijinhossssssss
Dad



segunda-feira, abril 06, 2009

O Sol acordou manso?


O Sol acordou manso.
Na leveza das nuvens procuro encontrar
Um pássaro em vôo que recordo.
Flôr de um paraíso distante,
Nos meus sonhos de outras eras,
Encontro-te ainda, jovem e belo como eras,
Nesses tempos distantes das quimeras...
Cheios dos sonhos que cozinhámos juntos
perdemo-los pelos caminhos da vida
Com as desilusões que criámos.
Derrubados foram os castelos
que pensávamos que ganhávamos.

Longe vão os tempos de inocência e candura...
Hoje, ainda resta, contudo,
muita amizade e ternura!
(Dad)

terça-feira, março 24, 2009

Dia mundial do Teatro-27 de Março






MENSAGEM






«Todas as sociedades humanas são espetaculares no seu cotidiano, e produzem espetáculos em momentos especiais. São espetaculares como forma de organização social, e produzem espetáculos como este que vocês vieram ver.Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de idéias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro!Não só casamentos e funerais são espetáculos, mas também os rituais cotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática - tudo é teatro.Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espetáculos da vida diária onde os atores são os próprios espectadores, o palco é a platéia e a platéia, palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver tão habituados estamos a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida cotidiana.Em Setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da Bolsa - nós fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias.Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre; no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espetáculo, eu dizia aos meus atores: - "Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida".Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, gêneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida.Assistam ao espetáculo que vai começar; depois, em suas casas com seus amigos, façam suas peças vocês mesmos e vejam o que jamais puderam ver: aquilo que salta aos olhos. Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida!Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!»


(Augusto Boal)



E depois desta bela mensagem, não se esqueçam de ir ver o "Amansar da Fera" no Teatro Intervalo de Linda a Velha. Vale a pena, não é caro e sairão de lá felizes e a sorrir noite fora pois o Armando Caldas e aquela equipe vestem de cores novas uma peça antiga mas cheia de tudo aquilo de que é feito o ser humano... a teimosia, a arrogância mas, sobretudo o AMOR.
AME O TEATRO - VEJA TEATRO
Faça do Teatro um hábito saudável e cultural e não um único dia, desgarrado, por ano!
De qualquer modo, não perca esta peça e muitas outras que estão em
cena nos Teatros mais perto de si pois os actores, diáriamente, estão
à sua espera e o Teatro é um encantamento!
BOM DIA DO TEATRO PARA TODOS!!!
Dad


terça-feira, janeiro 27, 2009


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Lencinhos portugueses

Estou aqui a colocar este lencinho, dito "de amizade"
que o povo borda ainda, no Norte de Portugal.
Para além de lindo nas cores, contêm uma
bela mensagem de amizade que eu subscrevo.
Sempre achei estes lencinhos, que os enamorados
usavam para declarar o seu amor
às respectivas queridas
e os amigos para
demonstrar a sua amizade,
muito lindos!
Aqui fica para vós
num dia de chuva...

quinta-feira, janeiro 15, 2009

PARE E DÊ-SE AO PRAZER DE OUVIR A MÚSICA


Então, um gajinho desce na estação de metro de Nova Yorque trajando jeans, T-shirt e boné, encosta-se próximo da entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que por ali passa, mesmo na hora do 'rush' matinal.
Durante os cerca de 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes, ninguém sabia, mas o músico, o gajinho, era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento estimado em mais de 3 milhões de dólares, um raríssimo Stradivarius de 1713.
Alguns dias antes Joshua Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares tinham sido pagos pela ninharia de 1000 USD.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, telemóvel na orelha, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

Conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Joshua Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefacto de luxo sem etiqueta de grife.

Já agora que estás no Youtube, aproveita e vê os vídeos do Joshua Bells.
[Imperdível e relaxante, para quem gosta]


sexta-feira, janeiro 09, 2009

A cidade

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.
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A cidade é um saco, um pulmão que respira
pela palavra água, pela palavra brisa
A cidade é um poro, um corpo que transpira
pela palavra sangue, pela palavra ira.
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A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.
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A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.
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(Zeca Afonso)

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Desenha-se a esmo um pôr de sol de espanto!
Entre a madrugada e o porvir,
entre a negrura da noite
e o azul dos céus,
o abismo das nuvens a nascer,
promessa de um bem-aventurado Deus!
Mais um ano aí vem grávido de esperança!
Soam atorardas de alegria...
a noite...
e o sol brilhante, fonte de vida,
desenha com amor a madrugada clara
de cada dia
que se quer que vá chegando calma,
fonte de alegria para a alma!
Bom ano 2009 para todos!
(Dad)