segunda-feira, abril 24, 2006

O MEU 25 DE ABRIL DE 1974!



Estava em Luanda no 25 de Abril de 74. Um trabalho que deveria prolongar-se por 3 anos.

Costumávamos ouvir a BBC e foi pela BBC que soubemos o que estava a acontecer em Portugal.

Não conseguíamos acreditar que fosse possível; que o regime estivesse a ser derrubado.

Na manhã seguinte... a grande expectativa porque de casa os telefones não ligavam para Portugal; o medo também porque a família estava toda cá…

A esperança do novo dia e que os telexes e os telefones funcionassem…mas...nada…

Eu expliquei o que tinha ouvido. Ninguém acreditava que fosse possível, mas eu acreditava que sim, que era verdade e lamentava-me de não estar cá…

Finalmente no dia seguinte as notícias! Tudo confirmado!

A grande festa!

Só me lembro que quando passou no cinema Miramar, em Luanda, a reportagem do dia 1 de Maio, chorei tanto que apanhei uma conjuntivite…

Vi as ruas da cidade, abertas de par em par…
Vi todos de braço dado…
O meu País a cantar…

Espero que este dia seja sempre relembrado como um belo acontecimento e que a liberdade com responsabilidade não seja NUNCA uma palavra vã, porque nada de mais belo que usá-la correctamente.

Só entende bem isto quem se sentiu acorrentado mesmo e isso foi o grande trauma português.

Espero que algum dia possamos viver em paz e amor uns com os outros.

Nunca é demais agradecer aos militares de Abril que operaram o milagre, o feito que parecia impossível!

Nunca é demais AMAR PORTUGAL!

sábado, abril 22, 2006

Nesta noite, recordo Ary...

A cidade é um chão
de palavras pisadas
A palavra criança
A palavra segredo.
A cidade é um céu
De palavras paradas
A palavra distância
E a palavra medo.

A cidade é um saco
Um pulmão que respira
Pela palavra água
Pela palavra brisa
A cidade é um poro
Um corpo que transpira
Pela palavra sangue
Pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras
Abertas como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
Como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
Não há rua de sons que a palavra não corra
Á procura da sombra de uma luz que não há

quinta-feira, abril 13, 2006

NESTES DIAS...

Os votos de Páscoa feliz que vos deixo são que para além da convivência familiar que vão ter, dos presentes que certamente vão trocar com as crianças, das mini-férias que porventura vão poder gozar, não esqueçam o porquê de celebrarmos este dia.
Ás vezes é tão fácil esquecer o sentido primordial das coisas...
Neste mundo continuam a caminhar crucificados à nossa volta, que se tornam invisíveis para muitos de nós.
O exemplo do crucificado tem que ter alguma ressonância real.
Não vale dizer amo - é preciso pôr esse amor em prática, no sentido real de olhar o nosso irmão de caminhada.
Isso é o que peço para mim e para todos os meus amigos.
Para além disso, claro que vos desejo uns belos dias de festa e sol e mar e de tudo o que de bom desejarem!
E não abusem das amêndoas doces...

segunda-feira, abril 10, 2006

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço...

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas,
Essas e o que faz falta nelas eternamente...

Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço...
Cansaço...
Há sem dúvida quem ame o infinito,

Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
-Três tipos de idealistas, e eu, nenhum deles
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo...
E, ah com que felicidade infecundo... cansaço,
Um supremíssimo cansaço...
Íssimo... íssimo... íssimo...Cansaço...

Álvaro de Campos

domingo, abril 02, 2006

Hoje...

Que dia bonito amanheceu!
Será que a Primavera vai instalar-se e os raios de sol
começar a aquecer-nos?
Farta do frio, estes dias em que résteas de sol
entram a jorros pela janela do meu quarto,
são bálsamos para as saudades de um Verão ainda longe...

Ah! Como sinto saudades da praia de Verão!
Pode não ter a beleza da praia de Inverno...
...faltam-lhe ruidos de gaivotas em terra,
mas a areia acariciante e estas águas,
quase defronte da minha casa,
são necessárias à minha saúde física de mental!

Tenho saudades do Verão!
Bom domingo para todos.