sábado, novembro 26, 2005

Recebi esta foto que diz tudo! Há gente muito generosa no mundo! Apesar de pobre, possivelmente muito pobre, esta mulher dá generosamente tudo o que tem... o seu leite maternal a quem dele precisa para sobreviver.... Grande lição para todos nós, muitas vezes tão egoistas!... Posted by Picasa

quarta-feira, novembro 23, 2005

Eu, hein???? Posted by Picasa

ERA UMA VEZ....




Era uma vez... numa terra muito distante... uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima que se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas.
Então a rã pulou para o seu colo e disse:
- Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava...
Nem morta!





terça-feira, novembro 22, 2005

Meninos e meninas Posted by Picasa

AJUDAR AS CRIANÇAS 2

Toca a ser solidário!A associação "Abraço" recebeu 30 meninos com HIV. Estamos a necessitar de roupa para rapariga (qualquer idade) e para rapaz precisamos dos 6 aos 14 anos para este projecto (trinta crianças a cargo).
Se quiserem colaborar contactem se faz favor para: Maria José Magalhães Telef.: 213 974 298 (Associação "Abraço").
Se não puderem ajudar pelo menos passem a mensagem para os vossos contactos, por favor, não custa nada e pode estar a fazer a diferença. Obrigado!!!
Ajudar as crianças 1! Posted by Picasa

LEMBREM-SE DAS CRIANÇAS

Venho falar-vos de um livro de receitas para crianças muito engraçado, que acabou de ser editado através da editora Sopa de Letras, pela Acreditar - Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro. Vai estar à venda directamente na Acrediar (R. Prof.Lima Basto nº 73 em frente do IPO) ou nas livrarias já de 21 de Novembro. Não deixem de o comprar para oferecer aos vossos filhos, sobrinhos, afilhados, primos, e amigos....e ao mesmo tempo ajudarem uma boa causa.

Se puderem, divulguem a familiares e amigos.

Obrigada a todos


ISTO NÃO É PROPAGANDA DA EDITORA É UM PEDIDO PARA AJUDA MESMO QUE ESPERO, DIVULGUEM A TODOS OS AMIGOS, NESTA ÉPOCA DE NATAL! SEJAMOS SOLIDÁRIOS - S E M P R E!!!

sábado, novembro 19, 2005

Contos de Samurais Posted by Picasa

A IMPORTÂNCIA DE SER VOCÊ MESMO

Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o samurai sentiu-se repentinamente inferior.
Ele então disse ao Mestre:-
"Porque me estou a sentir inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente senti-me inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Porque estou a sentir-me assustado agora?
"O Mestre falou:-
"Espere. Quando todos tiverem partido, responderei.
"Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o samurai perguntou novamente:-
"Agora você pode responder-me porque me sinto inferior?
"O Mestre levou-o para fora.
Era um noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte.
Ele disse:-
"Olhe para estas duas árvores, a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado da minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior
"Porque me sinto inferior diante de você? Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o facto, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso.
"O samurai então argumentou:-
"Isto acontece porque elas não se podem comparar.
"E o Mestre replicou:
Então não precisa perguntar-me. Você sabe a resposta. Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer.
Simplesmente olhe à sua volta.
Tudo é necessário e tudo se encaixa.
É uma unidade orgânica, ninguém é mais alto ou mais baixo,
ninguém é superior ou inferior.
Cada um é incomparavelmente único.
Você é necessário e basta.
Na Natureza, tamanho não é diferença.
Tudo é expressão igual de vida.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Nós, portugueses, nos confessaremos???... Posted by Picasa

in O PÚBLICO



A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também
não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o
problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na
farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país
onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais
do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma
virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em
valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde,
lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como
em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde
se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL,
DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são
fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos,
que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel,
lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os
trabalhos de escola dos filhos ... e para eles mesmos. Pertenço
a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram
comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a
declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito.
Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram
lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os
esgotos.
Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens
dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem
memória política, histórica nem económica. Onde nossos
políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos
e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média
e beneficiar a alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações
médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher
com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no
autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme
para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de
passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos
muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos
governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me
sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem
corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu
como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei
um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar
algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas,
mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso
país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE
PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena
escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos
escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais
do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e
honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós,
ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje
mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando
com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos
nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma
garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém
não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os
vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu
Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve
Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei
com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para
cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados,
ou como queiram, seguiremos igualmente condenados,
igualmente estancados....igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade
autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades
de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos
mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos
portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós
que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem
em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade
de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com
o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o
responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim,
exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de
mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e
ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME
OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO
PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

APARENTEMENTE, ESTE TEXTO NÃO É DE EDUARDO PRADO COELHO

Acabei de receber um email que me informa que este texto não é do Eduardo Prado Coelho e nem foi do Ubaldo Ribeiro. Aparentemente começou por ter sido escrito no Brasil e exportado para Portugal, com adaptações.
A César o que é de César!
Se não é do EPC peço desculpa de o ter publicado, mas acreditei que fosse, até porque não me parece que qualquer português não sinta que quase tudo o que aqui é dito é verdade. Possivelmente os nossos irmãos brasileiros sentirão o mesmo.

E já agora leiam o link que abaixo publico para melhor informação.

Não apago o texto pois tenho comentários publicados e respeito os comentadores, mas como respeito quem se dizia ser o autor e afinal não é, também aqui vão as minhas desculpas a ele e a todos os leitores. Coisas destas acontecem e são aborrecidas mesmo.

Aí vai o link:

http://ablasfemia.blogspot.com/2005/11/anatomia-de-um-11-boato.html


quarta-feira, novembro 09, 2005

O TEMPO Posted by Picasa

0 TEMPO...

Em determinada ocasião alguém perguntou a Galileu Galilei:
- Quantos anos tens?
- Oito ou dez, respondeu Galileo, em evidente contradição com sua barba branca.
E logo explicou:-
Tenho, na verdade, os anos que me restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais, como não temos mais as moedas que já gastamos.
Crescemos em sabedoria se valorizarmos o tempo como Galileo Galilei.
Dizemos espantados:- Como passa o tempo!!
Mas na verdade, somos nós que passamos.
O astrônomo italiano sabia que aqui estamos de passagem.
Somos peregrinos e é bom pensar na meta que nos espera...
A certeza de que o nosso caminhar terreno tem um final, é o melhor recurso para valorizarmos mais cada minuto.
Assim podemos aproveitar o que realmente temos: o presente.
Convém desfrutar cada dia como se fosse o último.
O ontem já se foi e o amanhã ainda não chegou.

domingo, novembro 06, 2005

BOM FIM DE SEMANA! Posted by Picasa

A IMPORTÂNCIA DAS PEQUENAS COISAS

Um fósforo, um chocolatinho, uma chávena de café e um jornal:

Estes quatro elementos fazem parte de uma das melhores histórias sobre atendimento que conheço.

Um homem estava a conduzir há horas e, cansado da estrada, resolveu procurar um hotel ou uma pousada para descansar. Em poucos minutos, avistou um letreiro luminoso com o nome: Hotel Venetia.

Quando chegou à recepção, o hall do hotel estava iluminado com luz suave. Atrás do balcão, uma moça de rosto alegre saudou-o amavelmente:

"- Bem-vindo ao Venetia!"

Três minutos após essa saudação, o hóspede já estava confortavelmente instalado no seu quarto e impressionado com os procedimentos: tudo muito rápido e prático.

No quarto, uma discreta opulência; uma cama, impecavelmente limpa, uma lareira, um fósforo apropriado em posição perfeitamente alinhada sobre a lareira, para ser riscado. Era demais! Aquele homem que queria um quarto apenas para passar a noite, começou a pensar que estava com sorte.

Mudou de roupa para o jantar (a moça da recepção fizera o pedido no momento do registo). A refeição foi tão deliciosa, como tudo o que tinha experimentado, naquele local, até então. Assinou a conta e voltou para o quarto. Fazia frio e ele estava ansioso pelo fogo da lareira.

Qual não foi a sua surpresa! Alguém tinha-se antecipado, pois havia um lindo fogo crepitante na lareira. A cama estava preparada, os travesseiros arrumados e um chocolatinho sobre cada um. Que noite agradável aquela!

Na manhã seguinte, o hóspede acordou com um estranho borbulhar, vindo da casa de banho. Saiu da cama para investigar. Simplesmente uma cafeteira ligada por um timer automático, estava preparando o seu café e, junto um cartão que dizia: "A sua marca predilecta de café. Bom apetite!" E era mesmo!

Como é que eles podiam saber desse detalhe?

De repente, lembrou-se: no jantar perguntaram qual era a sua marca preferida de café.

Em seguida, ele ouviu um leve toque na porta. Ao abrir, havia um jornal.
"Mas, como pode ?! É o meu jornal! Como é que eles adivinharam?"

Mais uma vez, lembrou-se de quando se registou: a recepcionista perguntou-lhe qual jornal ele preferia.

O cliente deixou o hotel encantado. Feliz pela sorte de ter ficado num lugar tão acolhedor. Mas, o que é que esse hotel fizera mesmo de especial?

Apenas ofereceram um fósforo, um chocolatinho, uma chávena de café e um jornal.

Nunca se falou tanto na relação empresa-cliente como nos dias de hoje. Milhões são gastos em planos mirabolantes de marketing e, no entanto, o cliente está cada vez mais insatisfeito, mais desconfiado. Mudamos o layout das lojas, pintamos as prateleiras, trocamos as embalagens, mas esquecemo-nos das pessoas.

O valor das pequenas coisas conta, e muito. A valorização do relacionamento com o cliente. Fazer com que ele perceba que ele é um parceiro importante!

Isto vale também para nossas relações pessoais (namoro, amizade, família, casamento) enfim pensar no outro como ser humano é sempre uma satisfação para quem doa e para quem recebe. Seremos muito mais felizes, pois a verdadeira felicidade está nos gestos mais simples do nosso dia-a-dia e na maioria das vezes passamos despercebidos.

Bom dia e boa semana a todos.

sábado, novembro 05, 2005

Camelos choram... Posted by Picasa

OS CAMELOS TAMBÉM CHORAM...

Eu tinha lido que, lá na Índia, elefantes olhando o crepúsculo, às
vezes, choram. Mas agora está aí esse filme "Camelos também choram" .
A gente sabe que porcos e cabritos quando estão sendo mortos soltam
gemidos e berros dilacerantes. Mas quem mata galinha no interior
nunca relatou ter visto lágrimas nos olhos delas. Contudo, esse
filme feito sobre uma comunidade de pastores de ovelhas e camelos, lá
na Mongólia, mostra que os camelos choram, mas choram não diante da
morte, mas em certa circunstância que faria chorar qualquer ser
humano.
E na platéia, eu vi, os não camelos também choravam.

Para nós, tão afastados da natureza, olhando a dureza do asfalto e a
indiferença dos muros e vitrinas; para nós que perdemos o diálogo com
plantas e animais, e, por conseqüência, conosco mesmos, testemunhar
com aquela bela família de mongóis o nascimento de um filhote de
camelo e sua relação com a mãe é uma forma de reencontrar a nossa
própria e destroçada humanidade.

É isto: eles vivem num deserto.
Terra árida, pedregosa. Eles, dentro daquelas casas redondas de lona e
madeira,
que podem ser montadas e desmontadas. Lá fora um vento
permanente ou o assombro do silêncio e da escuridão. E as ovelhas e
carneiros ali em torno, pontuando a paisagem e sendo a fonte de vida
dos humanos.

Sucede, então, que a rotina é quebrada com o parto difícil de um
camelinho. Por isto, a mãe camela o rejeita. O filho ali, branquinho,
mal se sustentando sobre as pernas, querendo mamar e ela fugindo,
dando patadas e indo acariciar outro filhote, enquanto o rejeitado
geme e segue inutilmente a mãe na seca paisagem.

A família mongol e vizinhos tentam forçar a mãe camela a alimentar o
filho. Em vão. Só há uma solução, diz alguém da família, mandar chamar o
músico.
Ao ouvir isto estremeci como se me preparasse para testemunhar um
milagre. E o milagre começou musicalmente a acontecer.

Dois meninos montam agilmente seus camelos e vão a uma vila próxima
chamar o músico. É uma vila pobre, mas já com coisas da modernidade,
motos, televisão, e, na escola de música, dentro daquele deserto,
jovens tocam instrumentos e dançam, como se a arte brotasse lindamente
das
pedras.

O professor de música, como se fosse um médico de aldeia chamado para
uma emergência, viaja com seu instrumento de arco e cordas para
tentar resolver a questão da rejeição materna. Chega.E ali no
descampado, primeiro coloca o instrumento com uma bela fita azul sobre o
dorso da mãe camela. A família mongol assiste à cena. Um vento suave
começa
a tanger as cordas do instrumento. A natureza por si mesma harpeja sua
harmônica
sabedoria. A camela percebe. Todos os camelos percebem uma música
reordenando
suavemente os sentidos. Erguem a cabeça, aguçam os ouvidos, e esperam.

A seguir, o músico retoma seu instrumento e começa a tocá-lo,
enquanto a dona da camela afaga o animal e canta. E enquanto cordas e
voz soam, a mãe camela começa a acolher o filhote, empurrando-o
docemente para suas tetas. E o filhote antes rejeitado e infeliz, vem
e mama, mama, mama desesperadamente feliz. E enquanto ele mama e a
música continua, a câmara mostra em primeiro plano que lágrimas
desbordam umas após outras dos olhos da mãe camela, dando sinais de
que a natureza se reencontrou a si mesma, a rejeição foi superada, o
afeto reuniu num todo amoroso os apartados elementos.

Nós, humanos, na platéia, olhamos aquilo estarrecidos. Maravilhados.
Os mongóis na cena constatam apenas mais um exercício de sua milenar
sabedoria. E nós que perdemos o contato com o micro e o macrocosmos
ficamos bestificados com nossa ignorância de coisas tão simples e
essenciais.

Bem que os antigos falavam da terapêutica musical. Casos de
instrumentos que abrandavam a fúria, curavam a surdez, a hipocondria e
saravam
até a mania de perseguição.

Bem que o pensamento místico hindu dizia que a vida se consubstancia
no universo com o primeiro som audível um Ré bemol e que a palavra só
surgiria mais tarde.

Bem que os pitagóricos, na Grécia, sustentavam que o universo era
uma partitura musical, que o intervalo musical entre a Terra e a Lua
era de um tom e que o cosmos era regido pela harmonia das esferas.

Os primitivos na Mongólia sabem disto. Os camelos também. Mas nós, os
pós-modernos cultivamos a rejeição, a ruptura e o ruído.

Haja professor de música para consertar isto...