sábado, abril 22, 2006

Nesta noite, recordo Ary...

A cidade é um chão
de palavras pisadas
A palavra criança
A palavra segredo.
A cidade é um céu
De palavras paradas
A palavra distância
E a palavra medo.

A cidade é um saco
Um pulmão que respira
Pela palavra água
Pela palavra brisa
A cidade é um poro
Um corpo que transpira
Pela palavra sangue
Pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras
Abertas como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
Como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
Não há rua de sons que a palavra não corra
Á procura da sombra de uma luz que não há

6 comentários:

CVJ disse...

Só um Ary ao seu melhor nível...
Parabéns.
Continuação...

Elfo disse...

Que pena não ter a música a acompanhar.

Anónimo disse...

Ciudades...
Tumbas y flores.
Besos

Anónimo disse...

...Há sempre uma réstea de luz, mesmo quando parece que não há.
É a essa réstea de luz,a raíz para buscarmos a mudança...Nâo esperemos que tudo mude...cada um de nós é que tem que mudar...não é o nível de vida, o emprego, a vizinha, a família, os amigos... MUDA, porque é em cada um que se dá a MUDANÇA!
MIL LUZINHAS PARA TE INUNDAR DE LUZ!

Anónimo disse...

Ao génio de Ary dos Santos..."sempre à procura da sombra de uma luz"...Gratidão pela sua obra e louvor aos corações que o entendem.
...Tenha encontrado a luz!

Passaro Azul disse...

Que belo poema!
Quanta procura de luz, de quem foi tão iluminado!
Ela existiu, existe e continuará a existir.
Obrigada amiga, por esta dádiva tão importante e por este louvor ao grande ARY.
Um beijo e um abraço fraternos.