segunda-feira, dezembro 31, 2012

Este não é para rir - é para pensar- Artigo de António Bagão Félix



Aprovado o OE 2013, Portugal arrisca-se a entrar no "Guinness Fiscal"


por força de um muito provavelmente caso único no planeta: a partir de


um certo valor (1350 euros mensais), os pensionistas vão passar a


pagar mais impostos do que outro qualquer tipo de rendimento,


incluindo o de um salário de igual montante! Um atropelo fiscal


inconstitucional, pois que o imposto pessoal é progressivo em função


dos rendimentos do agregado familiar [art.º 104.º da CRP], mas não em


função da situação activa ou inactiva do sujeito passivo e uma


grosseira violação do princípio da igualdade [art.º 13.º da CRP].




Por exemplo, um reformado com uma pensão mensal de 2200 euros pagará


mais 1045 € de impostos do que se a trabalhar com igual salário (já


agora, em termos comparativos com 2009, este pensionista viu aumentado


em 90% o montante dos seus impostos e taxas!).




Tudo isto por causa de uma falaciosamente denominada "contribuição


extraordinária de solidariedade" (CES), que começa em 3,5% e pode


chegar aos 50%. Um tributo que incidirá exclusivamente sobre as


pensões. Da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações.


Públicas e privadas. Obrigatórias ou resultantes de poupanças


voluntárias. De base contributiva ou não, tratando-se por igual as que


resultam de muitos e longos descontos e as que, sem esse esforço


contributivo, advêm de bónus ou remunerações indirectas e diferidas.




Nas pensões, o Governo resolveu que tudo o que mexe leva!


Indiscriminadamente. Mesmo - como é o caso - que não esteja previsto


no memorando da troika.




Esta obsessão pelos reformados assume, nalguns casos, situações


grotescas, para não lhes chamar outra coisa. Por exemplo, há poucos


anos, a Segurança Social disponibilizou a oferta dos chamados


"certificados de reforma" que dão origem a pensões complementares


públicas para quem livremente tenha optado por descontar mais 2% ou 4%


do seu salário. Com a CES, o Governo decide fazer incidir mais


impostos sobre esta poupança do que sobre outra qualquer opção de


aforro que as pessoas pudessem fazer com o mesmo valor… Ou seja, o


Estado incentiva a procura de um regime público de capitalização


(sublinho, público) e logo a seguir dá-lhe o golpe mortal. Noutros


casos, trata-se - não há outra maneira de o dizer - de um desvio de


fundos através de uma lei: refiro-me às prestações que resultam de


planos de pensões contributivos em que já estão actuarialmente


assegurados os activos que caucionam as responsabilidades com os


beneficiários. Neste caso, o que se está a tributar é um valor que já


pertence ao beneficiário, embora este o esteja a receber diferidamente


ao longo da sua vida restante. Ora, o que vai acontecer é o desplante


legal de parte desses valores serem transferidos (desviados), através


da dita CES, para a Caixa Geral de Aposentações ou para o Instituto de


Gestão Financeira da S. Social! O curioso é que, nos planos de pensões


com a opção pelo pagamento da totalidade do montante capitalizado em


vez de uma renda ou pensão ao longo do tempo, quem resolveu confiar


recebendo prudente e mensalmente o valor a que tem direito verá a sua


escolha ser penalizada. Um castigo acrescido para quem poupa.




Haverá casos em que a soma de todos os tributos numa cascata sem


decoro (IRS com novos escalões, sobretaxa de 3,5%, taxa adicional de


solidariedade de 2,5% em IRS, contribuição extraordinária de


solidariedade (CES), suspensão de 9/10 de um dos subsídios que começa


gradualmente por ser aplicado a partir de 600 euros de pensão mensal!)


poderá representar uma taxa marginal de impostos de cerca de 80%! Um


cataclismo tributário que só atinge reformados e não rendimentos de


trabalho, de capital ou de outra qualquer natureza! Sendo


confiscatório, é também claramente inconstitucional.




Aliás, a própria CES não é uma contribuição. É pura e simplesmente um


imposto. Chamarlhe contribuição é um ardil mentiroso. Uma contribuição


ou taxa pressupõe uma contrapartida, tem uma natureza sinalagmática ou


comutativa. Por isso, está ferida de uma outra inconstitucionalidade.




É que o já citado art.º 104.º da CRP diz que o imposto sobre o


rendimento pessoal é único. Estranhamente, os partidos e as forças


sindicais secundarizaram ou omitiram esta situação de flagrante


iniquidade. Por um lado, porque acham que lhes fica mal defender


reformados ou pensionistas desde que as suas pensões (ainda que


contributivas) ultrapassem o limiar da pobreza. Por outro, porque tem


a ver com pessoas que já não fazem greves, não agitam os media, não


têm lobbies organizados.




Pela mesma lógica, quando se fala em redução da despesa pública há uma


concentração da discussão sempre em torno da sustentabilidade do


Estado social (como se tudo o resto fosse auto-sustentável…). Porque,


afinal, os seus beneficiários são os velhos, os desempregados, os


doentes, os pobres, os inválidos, os deficientes… os que não têm voz


nem fazem grandiosas manifestações.




E porque aqui não há embaraços ou condicionantes como há com


parcerias público-privadas, escritórios de advogados, banqueiros,


grupos de pressão, estivadores. É fácil ser corajoso com quem não se


pode defender.




Foi lamentável que os deputados da maioria (na qual votei) tenham


deixado passar normas fiscais deste jaez mais próprias de um


socialismo fiscal absoluto e produto de obsessão fundamentalista,


insensibilidade, descontextualização social e estrita visão de curto


prazo do ministro das Finanças. E pena é que também o ministro da


Segurança Social não tenha dito uma palavra sobre tudo isto,


permitindo a consagração de uma medida que prejudica seriamente uma


visão estratégica para o futuro da Segurança Social. Quem vai a partir


de agora acreditar na bondade de regimes complementares ou da


introdução do "plafonamento", depois de ter sido ferida de morte a


confiança como sua base indissociável? Confiança que agora é violada


grosseiramente por ditames fiscais aos ziguezagues sem consistência,


alterando pelo abuso do poder as regras de jogo e defraudando


irreversivelmente expectativas legitimamente construídas com esforço e


renúncia ao consumo.




Depois da abortada tentativa de destruir o contributivismo com o


aumento da TSU em 7%, eis nova tentativa de o fazer por via desta nova


avalanche fiscal. E logo agora, num tempo em que o Governo diz querer


"refundar" o Estado Social, certamente pensando (?) numa cultura


previdencial de partilha de riscos que complemente a protecção


pública. Não há rumo, tudo é medido pela única bitola de mais e mais


impostos de um Estado insaciável.




Há ainda outro efeito colateral que não pode ser ignorado, antes deve


ser prevenido: é que foram oferecidos poderosos argumentos para


"legitimar" a evasão contributiva no financiamento das pensões.


"Afinal, contribuir para quê?", dirão os mais afoitos e atentos.




Este é mais um resultado de uma política de receitas "custe o que


custar" e não de uma política fiscal com pés e cabeça. Um abuso de


poder sobre pessoas quase tratadas como párias e que, na sua larga


maioria, já não têm qualquer possibilidade de reverter a situação. Uma


vergonha imprópria de um Estado de Direito. Um grosseiro conjunto de


inconstitucionalidades que pode e deve ser endereçado ao Tribunal


Constitucional. PS1: Com a antecipação em "cima da hora" da passagem


da idade de aposentação dos 64 para os 65 anos na função pública já em


2013 (até agora prevista para 2014), o Governo evidencia uma enorme


falta de respeito pela vida das pessoas. Basta imaginar alguém que


completa 64 anos em Janeiro do próximo ano e que preparou a sua vida


pessoal e familiar para se aposentar nessa altura.




No dia 31 de Dezembro, o Estado, através do OE, vai dizer-lhe que,


afinal, não pode aposentar-se. Ou melhor, em alguns casos até poderá


fazê-lo, só que com penalização, que é, de facto, o que cinicamente se


pretende com a alteração da lei. Uma esperteza que fica mal a um


Governo que se quer dar ao respeito.




PS2: Noutro ponto, não posso deixar de relevar uma anedota fiscal para


2013: uma larga maioria das famílias da classe média tornadas


fiscalmente ricas pelos novos escalões do IRS não poderá deduzir um


cêntimo que seja de despesas com saúde (que não escolhem,


evidentemente).




Mas, por estimada consideração fiscal, poderão deduzir uns míseros


euros pelo IVA relativo à saúde… dos seus automóveis pago às oficinas


e à saúde… capilar nos cabeleireiros. É comovente… Economista,


ex-ministro das Finanças




A propósito de liberdade e a pedido de muitos, aqui fica o contributo


enorme do Prof. Bagão Felix sobre o "primoroso Orçamento de Estado"


para 2013.


Ouso perguntar: Senhor Presidente da República, vai Vossa Excelência


ficar indiferente a este esbulho?

Economia caseira


Esperemos que esta não passe a ser o trabalho...

BOM ANO NOVO!

sábado, dezembro 22, 2012

A RAZÃO ESTÁ DO NOSSO LADO


 

As afirmaçoes do Sr. Primeiro Ministro de que os reformados tem pensoes generosas que não correspondem ás contribuições efetuadas, e daí a justeza da taxa de solidariedade, talvez, o Sr. Primeiro Ministro se esteja a referir a alguns colegas do seu Partido nomedamente á Presidente da AR Assunção Esteves que obteve uma subvenção vitalicia de mais de 5.000 euros mensais aos 42 anos ou Sr Duarte Lima que se reformou aos 39 anos ou ao Sr Mira Amaral ou então ao Sr. Catroga que se "reformou" ao abrigo da lei para os politicos com mais de 9.000 euros mensais ou eventualmente estará a referir-se aos politicos de vários quadrantes que ao fim de 8 anos ou dois mandatos se reformavam ou aos Srs. Governadores do Banco de Portugal que ao fim de 5 anos tinham chorudas reformas.Se não for a estes exemplos que o Sr Primeiro Ministro se refere não acredito que se esteja a referir aos casos dos reformados que descontaram mais de 40 anos assim como as suas entidades patronais para a Segurança Social e que a suas pensões foram formadas de acordo com as contribuições entregues e tendo presente a lei vigente na altura da passagem á reforma.Sr. Primeiro Ministro tendo conta que ofende e desrespeita os direitos dos reformados constituidos legal e legitimamente ,sentimo-nos com total direito de protestar com veemencia e solicitar um pedido de desculpas publico que contribua para repor a verdade na opinião publica, ainda assim estamos disponiveis para debater em audiencia com o Primeiro Ministro esta questão.A nossa causa é justa, Não nos calam. APRE


quinta-feira, dezembro 20, 2012

MAMOGRAFIA

Esta está muito Boa!

A todos um bom Natal que rapidamente se aproxima

Estamos quase a ouvir espiritualmente o som dos tlins-tlins das renas deste ano que trarão, juntamente com os anjinhos, a promessa renovada de um Natal vivido em família em alegria e boa disposição, apesar da crise intensa que enfrentamos. Pedimos ao Menino que nos traga mais alegria e esperanças renovadas para o próximo ano que se aproxima. Beijinhos grandes para todos! Estou a tentar adaptar-me a este visual esquisito do meu Blog, mas enfim... vou fazendo os possíveis. Para todos vós, desejos de que tudo decorra com muita felicidade para todos. Beijinhos grandes, DAD

A TODOS UM BOM NATAL

A história repete-se e apesar de ter vindo para nos salvar, crucificaram-no.
Todos os dias, neste mundo, milhares de pessoas, gente como nós, são sacrificadas no altar dos mundanismos que geram a fome a doença e a infelicidade.  Todos os
anos pedimos a Deus que o Ano seja bom e farto e que a Humanidade possa viver em paz, segurança e amor... e o votos repete-se e raramente vemos o cumprimento dos votos formulados.  Mais uma vez vamos pedir o mesmo.  Teremos feito, durante o ano que está a terminar, o nosso melhor para podermos construir o Reino de Deus na Terra?
Deixo esta meditação para todos nós, incluindo eu, claro!

Beijinhos para todos os que passarem por aqui com os desejos de que tenham um excelente Natal!
Dad

quinta-feira, dezembro 13, 2012

SONHO

Sonho com luas a arder de azul...
Nos buracos cinzentos do ocaso,
encontro magia que só eu sei...
Super califraxi ex-pirolidoso...
o meu chapeu transforma-se em para-quedas
e fujo pelos céus,
na busca incessante da luz!
Dad

NÃO TE PERCEBO!

Beijinhos para todos - Boas Festas!

Feliz Natal para todos e todas os que ainda por aqui passam.
Que o Ano Novo que se aproxima também, nos traga esperanças
de que os dias poderão vir a ser melhores do que os que vivemos
actualmente
Dad

FELIZ NATAL PARA TODOS

terça-feira, agosto 14, 2012

QUERIDOS VISITANTES DESTE BLOG

POR RAZÕES QUE DESCONHEÇO e cuja técnica não domino, a blogspot decidiu desconfigurar o meu blog momentos de luar. Estou triste pois mantenho este blog há muito tempo e criei uma relação de amizade com ele.
Gostava que alguém que ajudasse a conseguir pôr o Blog outra vez como deve ser.
Se alguem souber como se faz, por favor diga-me.

Grande abraço,
Dad

sexta-feira, agosto 10, 2012

Os Lusíadas - Extracto de Versão actualizada



I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!

II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas?
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

III
Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano?
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.

IV
E vós, ninfas do Minho onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!

V
E porque nos é dada a aprendizagem,
Com os erros, que nos dão as lições,
Corramos com toda a vilanagem,
Com esta enorme corja de ladrões,
Capazes de toda a sacanagem,
P´ra proteger seus doutos figurões.
Pega em armas meu povo, tem coragem
De encher com estes merdas as prisões.




Luiz Vaiz de Calções

terça-feira, agosto 07, 2012

O LATIM EXPLICA TANTA COISA...



O vocábulo "maestro" vem do latim "magister" e este, por sua vez, do adjectivo "magis" que significa "mais" ou "mais que". Na antiga Roma o "magister" era o que estava acima dos demais, pelos seus conhecimentos e habilitações!
Por exemplo um "Magister equitum" era um Chefe de cavalaria, e um "Magister Militum" era um Chefe Militar.
Já o vocábulo "ministro" vem do latim "minister" e este, por sua vez, do adjectivo "minus" que significa "menos" ou "menos que". Na antiga Roma o "minister" era o servente ou o subordinado que apenas tinha habilidades ou era jeitoso.

COMO SE VÊ, O LATIM EXPLICA A RAZÃO PORQUE QUALQUER IMBECIL PODE SER MINISTRO... MAS NÃO MAESTRO!

sábado, julho 28, 2012

SEM TIRAR NEM PÔR...



SEM TIRAR NEM PÔR, AOS DIAS DE HOJE!
Foi sempre assim...
O povo parece que gosta de ser humilhado e gozado por trafulhas
cujo único objectivo é encher-se...

quinta-feira, julho 26, 2012

Um bom dia a todos!


É fácil amar os que estão longe.
Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.
Madre Teresa de Calcutá

terça-feira, julho 24, 2012



Cadeiras e cadeirinhas - ó banco de perdição...

pla vossa rica vidinha...

Não espremam mais o limão...

segunda-feira, julho 09, 2012

Os tempos...



Primeiro a monarquia arrombada começou a conceder títulos, mais tarde os Governos atribuem a Torre Espada por feitos heróicos como o de comprar uns helicópteros aos britânicos … e de há uns anos a esta parte … O caricato está em pretender que para ser um hábil negociador seja necessária qualquer graduação Académica.

segunda-feira, julho 02, 2012

Escrevo-lhe em papel preto porque estou de luto!



Verdizela, 2012/06/24

Exmº Senhor Primeiro-Ministro de Portugal

LISBOA

Exmº Snr:

Tenho 74 anos, sou reformado (descontei para a reforma durante 41 anos apesar de ter trabalhado durante 48) e esperava acabar os meus dias com a tranquilidade que uma vida de trabalho honesto justificava, mas tal está a mostrar-se impossível e daí a razão desta “carta aberta”.
Não, não lhe escrevo para lhe dizer que me mentiu, como mentiu a todos os portugueses, já estou (estamos) habituado à falta de verticalidade daqueles que aparecem nas campanhas eleitorais a prometer o céu para chegados ao poleiro nos transportarem ao inferno, também não lhe escrevo para lhe dizer que sou um dos que, em nome da salvação da Pátria e dos sacrifícios para todos, foi espoliado dos subsídios de férias e Natal, nem ao menos para lhe dizer que o curriculum de V/Exª não justificaria mais do que ser presidente do clube lá do bairro e muito menos para lhe dizer que o falar grosso não representa autoridade e competência, pode, isso sim, ser disfarce de autoritarismo e incompetência…

Porquê então esta carta?

Ignoro as muitas razões que tenho para lhe manifestar o meu protesto e fixo-me apenas numa palavra: VERGONHA.

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem comunicou, com ar pungente, aos reformados, aos funcionários públicos e ainda a alguns trabalhadores de empresas com alguma ligação ao estado que lhes ia retirar os subsídios de férias e Natal por ganharem a exorbitância de algo mais de 1100 € e em contrapartida nomeia para o seu governo centenas de adjuntos, conselheiros, especialistas com ordenados três ou quatro vezes superiores e direito aos subsídios que aos outros retirou, tem um pingo de vergonha?

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem fala na necessidade dos sacrifícios serem repartidos por todos os portugueses e requisita para os gabinetes ministeriais funcionários públicos com aumentos de vencimentos mensais de centenas, quando não milhares de euros e direito aos subsídios de férias e Natal, tem alguma vergonha?

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem disse aos que depois de terem trabalhado durante dez, vinte ou trinta anos perderam o emprego que isso era uma nova oportunidade, tem qualquer tipo de vergonha?


Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem disse aos jovens do nosso país, talvez a geração mais bem preparada de sempre, para procurarem no estrangeiro o pão que Portugal lhes nega, tem réstia de vergonha?

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem trocou os direitos dos portugueses pela caridadezinha das refeições nas escolas para os filhos famintos de Portugal e pelas cantinas sociais, tem vergonha na cara?

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem, ar ridiculamente cândido de menino do coro ou chefe de quina da mocidade portuguesa com a bandeira na lapela, aparece a falar aos portugueses, num discurso que eu julgava enterrado em 25 de Abril, com frases enfáticas que em português corrente podemos traduzir como: Morre de fome hoje que amanhã tens comida, sente alguma vergonha do que diz?

Eu respondo Senhor Primeiro-Ministro.

Eu tenho vergonha Sr Primeiro-Ministro

Eu tenho vergonha de o ter como Primeiro-Ministro do meu país.

Embora no Alentejo, onde nasci, o cumprimento seja devido a todas as pessoas (os velhos da minha meninice chamavam-lhe “salvação”) não posso, por coerência ainda que com mágoa, cumprimentar V/Exa.


José Nogueira Pardal

Escrevo-lhe em papel preto porque estou de luto!

segunda-feira, junho 18, 2012

A importância das pequenas coisas



Um fósforo, um chocolatinho, uma chávena de café e um jornal: Estes quatro elementos fazem parte de uma das melhores histórias sobre atendimento que conheço. Um homem estava a conduzir há horas e, cansado da estrada, resolveu procurar um hotel ou uma pousada para descansar. Em poucos minutos, avistou um letreiro luminoso com o nome: Hotel Venetia. Quando chegou à recepção, o hall do hotel estava iluminado com luz suave. Atrás do balcão, uma moça de rosto alegre saudou-o amavelmente: "- Bem-vindo ao Venetia!" Três minutos após essa saudação, o hóspede já estava confortavelmente instalado no seu quarto e impressionado com os procedimentos: tudo muito rápido e prático. No quarto, uma discreta opulência; uma cama, impecavelmente limpa, uma lareira, um fósforo apropriado em posição perfeitamente alinhada sobre a lareira, para ser riscado. Era demais! Aquele homem que queria um quarto apenas para passar a noite, começou a pensar que estava com sorte. Mudou de roupa para o jantar (a moça da recepção fizera o pedido no momento do registo). A refeição foi tão deliciosa, como tudo o que tinha experimentado, naquele local, até então. Assinou a conta e voltou para o quarto. Fazia frio e ele estava ansioso pelo fogo da lareira. Qual não foi a sua surpresa! Alguém tinha-se antecipado, pois havia um lindo fogo crepitante na lareira. A cama estava preparada, os travesseiros arrumados e um chocolatinho sobre cada um. Que noite agradável aquela! Na manhã seguinte, o hóspede acordou com um estranho borbulhar, vindo da casa de banho. Saiu da cama para investigar. Simplesmente uma cafeteira ligada por um timer automático, estava preparando o seu café e, junto um cartão que dizia: "A sua marca predilecta de café. Bom apetite!" E era mesmo! Como é que eles podiam saber desse detalhe? De repente, lembrou-se: no jantar perguntaram qual era a sua marca preferida de café. Em seguida, ele ouviu um leve toque na porta. Ao abrir, havia um jornal. "Mas, como pode ?! É o meu jornal! Como é que eles adivinharam?" Mais uma vez, lembrou-se de quando se registou: a recepcionista perguntou-lhe qual jornal ele preferia. O cliente deixou o hotel encantado. Feliz pela sorte de ter ficado num lugar tão acolhedor. Mas, o que é que esse hotel fizera mesmo de especial? Apenas ofereceram um fósforo, um chocolatinho, uma chávena de café e um jornal. Nunca se falou tanto na relação empresa-cliente como nos dias de hoje. Milhões são gastos em planos mirabolantes de marketing e, no entanto, o cliente está cada vez mais insatisfeito, mais desconfiado. Mudamos o layout das lojas, pintamos as prateleiras, trocamos as embalagens, mas esquecemo-nos das pessoas. O valor das pequenas coisas conta, e muito. A valorização do relacionamento com o cliente. Fazer com que ele perceba que ele é um parceiro importante! Isto vale também para nossas relações pessoais (namoro, amizade, família, casamento) enfim pensar no outro como ser humano é sempre uma satisfação para quem doa e para quem recebe. Seremos muito mais felizes, pois a verdadeira felicidade está nos gestos mais simples do nosso dia-a-dia e na maioria das vezes passamos despercebidos. Bom dia e boa semana a todos.

segunda-feira, junho 11, 2012

Muito triste, muito triste, mas é bom saber... ladrões!!!



Programa de luta contra a fome.Nada é o que parece.Ora vejam:Decorreu há pouco mais uma ação, louvável, do programa da luta contra a fome mas....façam o vosso juízo!A recolha em hipermercados, segundo os telejornais, foi cerca de 2.644 toneladas! Ou seja 2.644.000 Kilos.Se cada pessoa adquiriu no hipermercado 1 produto para doar e se esse produto custou, digamos, 0.50 € (cinquenta cêntimos), repare que:2.644.000 kg x 0,50 € dá 1.322.000,00 € (1 milhão, trezentos e vinte e dois mil euros), total pago nas caixas dos hipermercados.Quanto ganharam???:- o Estado: 304.000,00 € (23% iva)- o Hipermercado: 396.600,00 € (margem de lucro de cerca de 30%).Nunca tinha reparado, tal como eu, quem mais engorda com estas campanhas...Devo dizer que não deixo de louvar a ação da recolha e o meu respeito pelos milhares de voluntários.MAIS....
É triste, mas é bom saber...- Porque é que os madeirenses receberam 2 milhões de euros da solidariedade nacional, quando o que foi doado eram 2 milhões e 880 mil?Querem saber para onde foi esta "pequena" parcela de 880.000,00 €?A campanha a favor das vítimas do temporal na Madeira através de chamadas telefónicas é um insulto à boa-fé da gente generosa e um assalto à mão-armada.Pelas televisões a promoção reza assim: Preço da chamada 0,60 € + IVA. São 0,72 € no total.O que por má-fé não se diz é que o donativo que deverá chegar (?) ao beneficiário madeirense é de apenas 0,50 €.
Assim oferecemos 0,50 € a quem carece, mas cobram-nos 0,72 €, mais 0,22 € ou seja 30%.Quem ficou com esta diferença?1º - a PT com 0,10 € (17%) isto é a diferença dos 50 para os 60.2º - o Estado com 0,12 € (20%) referente ao IVA sobre 0,60 €.Numa campanha de solidariedade, a aplicação de uma margem de lucro pela PT e da incidência do IVA pelo Estado são o retrato da baixa moral a que tudo isto chegou.A RTP anunciou com imensa satisfação que o montante doado atingiu os 2.000.000,00 €.Esqueceu-se de dizer que os generosos pagaram mais 44%, ou seja, mais 880.000,00 € divididos entre a PT (400.000,00 € para a ajuda dos salários dos administradores) e o Estado (480.000,00 € para auxílio do reequilíbrio das contas públicas e aos trafulhas que por lá andam).A PT cobra comissão de quase 20% num acto de solidariedade!!!O Estado faz incidir IVA sobre um produto da mais pura generosidade!!!ISTO É UMA TOTAL FALTA DE VERGONHA, SOB A CAPA DA SOLIDARIEDADE. É BOM QUE O POVO SAIBA QUE ATÉ NA CONFIANÇA SOMOS ROUBADOS.ISTO É UM TRISTE ESBULHO À BOLSA E AO ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE DO POVO PORTUGUÊS!!!Pelo menos. DENUNCIE!"O que me preocupa não é o grito dos maus`. É o silêncio dos bons."

quinta-feira, maio 24, 2012

DEPOIS DE MAYAKOVSKY - para ler com atenção!Simbolo de resistência aos nazis


MAYAKOVSKY poeta russo que se suicidou após a revolução de Lenin-escreveu assim ainda nos principios do sec XX:
Na primeira noite eles aproximaram-se e colheram uma flor do nosso jardim; e nós não dissemos nada...
Na 2ª noite já não se escondem, pisam as flores, matam o nosso cão e não dissemos nada...
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho na nossa casa, rouba-nos a lua e fazendo-nos conhecer o medo, arrancando-nos a voz da garganta. E porque não dizemos nada, já não podemos dizer nada...
Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso, porque não sou negro;
Depois os operários, mas não me importei com isso porque não era operário,
Depois prenderam os miseráveis, mas não me importei, porque não sou miserável;
Depois agarraram uns desempregados, mas como tenho emprego, também não me importei;
Agora estão me levando, mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importará comigo.

(Berthold Brecht)
(1898 - 1956)

quarta-feira, maio 09, 2012

Os mundos tocam-se?


No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebés. O primeiro pergunta ao outro:
Tu acreditas na vida após o nascimento?
Certamente que sim. Algo tem de haver depois de nascermos! Talvez estejamos aqui, principalmente, porque precisamos de nos preparar para o que seremos mais tarde.

Tolice, não há vida após o nascimento. E se houvesse como seria ela? ...
Eu cá não sei, mas certamente haverá mais luz lá do que aqui... Talvez caminhemos com os nossos próprios pés e comamos com a boca.

Isso é absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca é totalmente ridículo! O cordão umbilical alimenta-nos. Estou convencido de que a vida após o nascimento não existe, pois o cordão umbilical é muito curto!
Olha, eu penso de outro modo. Penso que há algo depois do nascimento, talvez um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui...

Mas nunca ninguém voltou de lá, para nos falar sobre isso!? O parto é o fim da vida. E a vida, afinal, nada mais é do que a angústia prolongada na escuridão.
Bem, eu não sei exactamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamã e ela cuidará de nós.

Mamã? Tu acreditas na mamã? E onde está ela?
Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela é que nós vivemos. Sem ela nada disto existiria!

Eu não acredito. Nunca vi nenhuma mamã, pelo que não existe mamã nenhuma!
Eu acredito. E sabes porquê? Porque às vezes, quando estamos em silêncio, ouço-a cantar e sinto como ela afaga o nosso mundo. E também penso que a nossa vida só será "real"depois de termos nascido. Nesse momento tomará nova dimensão. Aqui, onde estamos agora, apenas estamos a preparar-nos para essa outra vida...

MANIFESTAÇÕES....



segunda-feira, maio 07, 2012

Esta está muito boa!!!!!!

*Acordo Ortográfico...*



*Versão Normal (anterior ao acordo):*



O cágado está de facto na praia. ****


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*Versão Acordo Ortográfico:* ****


O cagado está de fato na praia. ****


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Lindo! Agora expliquem a diferença às criancinhas... ****


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terça-feira, abril 24, 2012

UM POEMA DE JOSÉ JORGE LETRIA

Quando se ouviu um tiro na Praça Syntagma,


logo houve quem dissesse: “É a polícia que ataca !”.

Mas não, Dimitris Christoulas trazia consigo a arma,

a carta de despedida, a dor sem nome, a bravura,

e vinha só, sem medo, ele que já vivera os tempos

de silêncio e chumbo do terror dos coronéis.

Mas nessa altura era jovem e tinha esperança.

Agora tudo isso findara, mas não a dignidade,

que essa, por não ter preço, não se rende nem desiste.



Dimitris Christoulas podia ser apenas um pai cansado,

um avô sem alento para sorrir, um irmão mais velho,

um vizinho tão cansado de sofrer. Mas era muito mais

do que isso. Era a personagem que faltava

a esta tragédia grega que nem Sófocles ou Édipo

se lembraram de escrever, por ser muito mais próxima

da vida do que da imaginação de quem efabula.

Ouviu-se o tiro, seco e certeiro, e tudo terminou ali

para começar logo no instante seguinte sob a forma

de revolta que não encontra nas bocas

as palavras certas para conquistar a rua.

Quando assim acontece, o silêncio derruba muralhas.

Aos jovens, que podiam ser seus filhos e netos,

o mártir da Praça Syntagma pediu apenas

para não se renderem, para não se limitarem

a ser unidades estatísticas na humilhação de uma pátria. Não lhes pediu para imitarem o seu gesto,

mas sim que evitassem a sua trágica repetição.

E eles ouviram-no e choraram por ele, e com ele,

sabendo-o já a salvo da humilhação

de deambular pelas lixeiras para não morrer de fome.



Até os deuses, na sua olímpica distância,

se perfilaram de assombro ante a coragem deste gesto.

Até os deuses sentiram desprezo, maior do que é costume, pela ignomínia de quem se vende

para tornar ainda maior a riqueza de quem manda.

A Dimitris bastou um só disparo, limpo e breve,

para resumir a fogo toda a razão que lhe ia na alma. Estava livre. Tornara-se herói de tragédia

enquanto a Primavera namorava a bela Atenas,

deusa tantas vezes idolatrada e venerada.

Assim se despedia um homem de bem,

com a coragem moral de quem o destino não vence.



Quando o tiro ecoou na praça de todas as revoltas,

Dimitris Christoulas deixou voar uma pomba,

uma borboleta, uma gaivota triste do Pireu

e disse, com um aceno: “Eu continuo aqui,

de pé firme, porque nada tem a força de um homem

quando chega a hora de mostrar que tem razão”.

Depois vieram nuvens, flores e lágrimas,

súplicas, gritos e preces, e o mártir da Syntagma,

tão terreno e finito como qualquer homem com fome,

ergueu-se nos ares e abraçou a multidão com ternura.



José Jorge Letria



6 de Abril de 2012

terça-feira, abril 17, 2012

Contos da carochinha...



À porta do Ministério da Educação, na Av. 5 de Outubro, foi encontrado
um recém-nascido abandonado.

O bebé foi limpo e alimentado pelos funcionários que decidiram dar
conhecimento do assunto ao Ministro da Educação.
Depois de oito dias, é emitido o seguinte despacho, dirigido ao
Secretário de Estado:
Forme-se um Grupo de Trabalho para investigar:
a) - Se o 'encontrado' é produto doméstico deste Ministério
b) - Se algum funcionário deste Ministério se encontra com
responsabilidades neste assunto.
Após um mês de investigação, o Grupo de Trabalho, conclui:
'O encontrado' nada tem a ver com este Ministério pelas razões seguintes:
a) - Neste Ministério não se faz nada por prazer nem por amor;
b) - Neste Ministério jamais duas pessoas colaboram intimamente para fazerem
alguma coisa de positivo;
c) - Neste Ministério tudo o que se faz não tem pés nem cabeça;
d) - No arquivo deste Ministério nada consta que tivesse estado terminado em apenas 9 meses.

segunda-feira, abril 16, 2012

A BURRICE É UMA CIÊNCIA?






Há tantos burros mandando

em homens de inteligência,

que às vezes fico pensando,

se a burrice não será uma ciência.

'' António Aleixo''

quarta-feira, abril 04, 2012

HOJE DESCOBRI ESTE MEU POEMA QUE TEM 37 ANOS

Achei piada e aí vai esta relíquia do passado que me apeteceu partilhar convosco!
Aí vai!




NOITE
Na noite a casa
O quarto e o menino que dorme
Os carros que passam – rápidos correm
Para destinos desconhecidos...

As paredes
As dimensões que se alongam,
O vento que sopra, a noite…imensa…
Senhora de manto insone, caminha e estende
Os seus tentáculos, pelas ruas cantos e vielas
Enchendo de amplitude os sons…

A noite, misteriosa e excitante,
A noite que me encontra aqui, neste lugar implantado
No tempo e no espaço…
Estou…Sou…
Alguém à procura de alguém que me encontre.
Alguém que não é matéria nem espírito,
Uma bola de fogo subindo imperturbável,
Através de milhares de estrelas que não o são…
Luzes de uma cidade que não vive, porque morreu estrangulada
de trânsito e de ruidos…
Alguém que foi asas e barco e mar e flores na primavera;
Que se vestiu de gelo e de sol para estar nos polos e nos trópicos,
Que cantou e rezando a um Deus desconhecido, inventou palavras novas
Para adornar de luz os cabelos e fez correr os rios por entre os meus dedos,
À descoberta de mundos novos.
Foi a aventura da nau que navegou por mares desconhecidos
E rasgou o ventre desses mares com agulhas de tecer as ondas
E enfunou as velas com a brisa refrescante de uma corrente de
Polos diferentes que se tocam porque aspiraram à proximidade;
E a nau fez-se nave e ascendeu aos céus e ao terceiro dia
Encontrou-se na presença do Homem Novo e ali viu que a sua descoberta
Tinha sido boa e chamou-a de AMOR;
E ficou feliz por ter saído para a rua e ter encontrado a multidão que
Via nele o Salvador.
E encheu-lhe a boca com os suaves aromas que trouxe do Céu e adornou-lhe
A fronte com as flores que crescem nos países que estão por descobrir,
Pelo resto da Humanidade.
E ao cantarem velhas baladas de marinheiros bêbados,
Julgaram que estavam a redescobrir um mundo que tinha sido perdido,
Porque não havia pureza para o agarrar– e juraram que regariam a flor maravilhosa
Que haviam feito nascer.
…E construíram uma fortaleza numa ilha deles e deram-lhe um nome que só eles conheciam…
E julgaram que agora já nada poderia tornar vulnerável o seu mundo… nem a idade, nem
As contrariedades, porque ali o tempo e o espaço tinham sido abolidos.
E o ar ganhou as fragâncias que eles quiseram e tudo se cobriu das cores que eles
Inventaram! Eram, ao mesmo tempo, reis e mendigos, eram, por si só, o princípio e o fim.

E agora, que subitamente pestanejo, olho à minha volta e recupero a consciência de não ter saído deste quarto, do meu menino estar a dormir e de ser noite, noite e dos carros que passam rápidos. Olho as paredes e sinto que estou aqui - cansada… e vou tentar dormir.
Olho mais uma vez para o meu menino, sereno e tranquilo no seu sono e…enfim… comprometo-me a descansar…
DAD
17/7/78

terça-feira, abril 03, 2012

FELIZ PÁSCOA PARA TODOS!






Páscoa é renascimento...

É passagem...

É mudança e transformação...
É ser novo um mesmo ser
Que recomeça pela própria libertação.

Fica para trás uma vida cheia de poeira
E começa agora um novo caminhar
Cheio de luz, de fortalecimento,
Esperanças renovadas,
E um arco-íris rasga o céu
E parece balbuciar que Jesus ressurgiu
para nos provar que o amor
incondicional existe, assim como a vida eterna.











FELIZ PÁSCOA PARA TODOS!
DAD

terça-feira, março 27, 2012

A SAUDE MENTAL DOS PORTUGUESES




Transcrição do artigo do médico psiquiatra Pedro Afonso
publicado no Público de 2010-06-21

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquirem um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimir a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade de pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando, já há muito, foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.

COM OS PROBLEMAS QUE NOS CERCAM NO DIA A DIA, VAMOS DAR TODOS EM MALUQUINHOS...........