Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
Sophia de Mello Breyner Andresen
3 comentários:
Lindo poema de Sofia
Muito bom gosto o facto de se ter lembrado de a publicar.
Já reparei que gosta de poesia.
Bom gosto!
Maria de Lurdes
Dad,
Belo poema de Sophia. Grande poetisa e republicana que não gostava da nobreza e dos senhores feudais (que ainda hoje existem).
Beijo.
Olá Amiga,
Gostei muito deste poema de Sophia de Mello Breyner. É sempre bom recordar esta grande poetisa.
Um beijinho
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