domingo, abril 25, 2010

25 de abril - SEMPRE!!!

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Recebi do Amigo Paixão Lima este texto que publico, com muito prazer, para que a memória não se perca...


Hoje é um grande dia. Deveria ser um grande dia. O homem tem a memória curta e esquece facilmente. A juventude de hoje não valoriza o 25 de Abril de 74, a revolução dos cravos, porque não viveu a ditadura do posso, quero e mando. Não lembra a guerra colonial e o estendal de sangue e dor consequentes. As milhares de vidas sacrificadas em vão, por um falso ideal. Por uma mentira grosseira. A erosão de tempo provoca o esquecimento. Os cravos vermelho, estão hoje mais murchos e menos viçosos. A bem dizer, os cravos já não são vermelhos, são rosa. Amanhã serão castanhos. E no futuro, os cravos terão cor indefinida.
Lembro um sábado de tarde de 66, no café Martinho da Arcádia. Encontrava-me com dois amigos, sentados à mesa, a saborear o habitual carioca de limão. Começamos por falar de mulheres, assunto mais importante. Derivamos para o futebol, o tal que a põe a dormir. E acabamos na política. Aí, com o meu feitio impulsivo, exclamei com a minha voz de comando. - Esse tipo?! Não me fales nele. O Salazar é um ditador. Na mesa vizinha, dois tipos de chapéu de feltro na cabeça, levantam-se e com voz de poucos amigos, ordenam:- Façam o favor de nos acompanharem. E nós fizemos...o favor. Fomos para o Governo Civil e lá passámos a noite no calabouço. No dia seguinte, um capitão com cara de mestre-escola, prega-nos um sermão de meia hora. «Para não nos metermos onde não somos chamados. Deixarmos a política para os políticos. Para entretermo-nos a falar de futebol, preferencialmente do Benfica, etc.» Como meninos obedientes e bem comportados, e imitando aqueles animaizinhos enigmáticos e com orelhas compridas, fomos acenando que sim com a cabeça a tudo e não só. Eis como ainda hoje me considero um combatente antifascista. Até fui preso. Não o venho a proclamar, por esquecimento.
Quanto à menina Esperança, estou apaixonado por ela desde sempre. É moça muito atraente, e eu amo-a. Ela nunca morre, porque é imortal. Só que farto-me de procurá-la e nunca a encontro. Será que o defeito é meu?! Ou será que ela não vai com a minha cara? Deve ser ambas as coisas.
Para despedida, vou cantarolar uma canção, que já poucos recordam: - Uma gaivota voava, voava...para onde?! Não sei onde pára a gaivota. Pois...


sábado, abril 24, 2010

Mensagem da Associação 25 de Abril



ASSOCIAÇÃO 25 DE ABRIL



Pessoa colectiva de utilidade pública (Declaração n.º 104/2002, DR - II Série, n.º 91 de 18 de Abril) • Membro honorário da Ordem da Liberdade.


MENSAGEM


Cada ano que passa, renova-se o ritual de lembrar o Portugal de antes de Abril, a luta contra a ditadura, a libertação e os dias de esperança e de construção de um país novo.
Fazemo-lo, orgulhosos da luta desenvolvida contra os opressores, da acção libertadora que essa luta proporcionou e das jornadas cívicas, onde todos participaram activamente.
Fazemo-lo também no ano em que se evocam os cem anos da implantação da República. Lembrando que o 25 de Abril fez renascer os valores republicanos, que havia 48 anos estavam amordaçados.
E, num tempo em que parecem vacilar os valores republicanos do serviço público desinteressado, do culto do bem comum e da escrupulosa gestão dos valores patrimoniais comuns, no momento em que muitos inimigos da República, da Liberdade, da Justiça Social e do 25 de Abril se aproveitam das fraquezas dos maus republicanos para as darem como inerentes e contaminadoras do próprio ideal democrático, há que afirmar orgulhosamente os princípios por que se bateram os combatentes da Rotunda, dizendo que o 25 de Abril de 1974 prolongou e aprofundou o 5 de Outubro de 1910, a bem de Portugal e dos Portugueses.
Mas passados 36 anos, olhando a situação a que se chegou, impõe-se perguntar “Se foi para isto que se fez o 25 de Abril?”
É uma questão que se coloca muitas vezes, juntamente com a de “Valeu a pena?”, acrescida da afirmação “É preciso fazer outro 25 de Abril!”
Perante o ponto a que se chegou, confessamos ser difícil responder a essas questões.
Os sentimentos são contraditórios, parecem impossíveis de conviver entre si.

Isto porque por um lado, foi para isto que se fez o 25 de Abril!
Sim, porque foi para terminar com a ditadura que se fez o 25 de Abril! E, em consequência, a democracia aí está, possibilitando a todos e a cada um que, usando a liberdade conquistada, participe na escolha dos seus diversos dirigentes.
Sim, porque foi para terminar com a guerra que se fez o 25 de Abril! E a guerra terminou, ajudando ao nascimento de novos países, que, com muitas dificuldades é certo, vêm caminhando, fazendo o seu próprio caminho de países independentes, construindo a sua própria história.
Sim, porque foi para terminar o isolamento internacional em que Portugal vivia que se fez o 25 de Abril. E aí estamos nós, inseridos na União Europeia, com relações amigáveis com todos os países do mundo!
De facto tudo isto é verdade, mesmo que tenhamos de concordar que a Democracia tem enormes defeitos, não sendo perfeita só porque ainda não se conhece sistema menos mau. Sendo que o maior deles é permitir que se continue a assumir estar-se em democracia, quando apenas subsistem alguns dos seus aspectos formais.
Como temos de concordar que a Liberdade sofre demasiadas condicionantes, fruto do poder dos mais poderosos, que encontram sempre fórmula de pressionar os mais desfavorecidos.
Como teremos de reconhecer que, apesar de não estarmos envolvidos directamente em qualquer guerra, nos deixámos levar à participação em guerras alheias, fortemente injustas e condenáveis, dando cobertura a acções de agressão a povos com os quais devíamos ser solidários.
Mas, apesar de todas estas insuficiências da nossa democracia, continuamos a considerar que valeu a pena!
A Liberdade, a Democracia e a Paz são valores sem preço, pelos quais vale a pena lutar e tudo arriscar!

Por outro lado, o 25 de Abril também foi feito para alcançar a Justiça Social, nas suas várias vertentes!
O 25 de Abril também foi feito para terminar com as enormes desigualdades de que a sociedade portuguesa padecia, também foi feito para fazer com que as classes mais desfavorecidas passassem a ser menos desfavorecidas.
E também foi feito para se construir uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais democrática.
E, perante a situação que atingimos, perante a situação que vivemos, há que dizer clara e inequivocamente que “não foi para isto que se fez o 25 de Abril!”
Não foi para cavar um fosso cada vez maior entre os mais ricos e os mais pobres, com situações aberrantes, onde o leque salarial atinge valores de várias centenas, que se fez o 25 de Abril!
Não foi para aumentar a distorção da distribuição do rendimento do trabalho, onde o capital vem abocanhando cada vez mais uma parte de leão, que se fez o 25 de Abril!
Não foi para criar gritantes e escandalosas anomalias na distribuição da parte que cabe aos trabalhadores, que se fez o 25 de Abril!
Como é possível que, enquanto o trabalhador médio português ganha pouco mais de metade do que se ganha na Zona Euro, o gestor português suplante os valores ganhos pelos homónimos americanos, franceses, finlandeses, suecos e outros.
Não foi para isto que se fez o 25 de Abril!
Como também não foi para criar uma sociedade corrupta, de total impunidade e compadrio, que se fez o 25 de Abril!
Não foi para ver os máximos dirigentes do país desacreditados e sem autoridade moral, para pedirem sacrifícios à generalidade da população, que se fez o 25 de Abril!

Como foi possível termos chegado a isto?
Como é possível ter-se enfrentado a crise, de forma a que os únicos que ganharam com isso tenham sido os próprios responsáveis por ela? O facto é que, passado o susto, salvos pelo dinheiro dos contribuintes, refinaram os seus métodos, aumentaram os seus privilégios e aí estão, prontos a continuar a exploração de todos, em benefício pessoal! Nada aprenderam com o susto, mantêm uma inconcebível falta de regras éticas e continuam a levar-nos para o abismo.
E, enquanto os gestores continuam a receber vencimentos milionários, os banqueiros a ver aumentados os rendimentos do passado, o desemprego continua a aumentar, os trabalhadores precários são cada vez mais, os pobres aumentam em número absoluto e relativo e as desigualdades sociais são cada vez maiores. A maioria da população vê o seu cinto cada vez mais apertado e não vislumbra uma réstia de luz, ao fundo do túnel!
Como foi possível permitir o enfraquecimento e a ineficiência do Estado, prisioneiro dos pequenos e grandes grupos de interesses que campeiam no país? Grupos que conseguiram transformar partidos políticos em agentes desses mesmos interesses particulares? Assim se chegando a uma situação de degradação inaceitável do Estado, por via da sua subordinação a interesses avulsos e ilegítimos.

Temos de ser capazes de romper essa tenebrosa teia de interesses. A vida colectiva dos Portugueses não pode continuar à mercê de um permanente e sistemático entorpecimento do funcionamento da Justiça!
Temos de ser capazes de acabar com o nexo directo entre o não funcionamento dos serviços judiciários, a corrupção e a fraude! Só assim acabaremos com o clima de mal-estar que se instalou na nossa sociedade – o maldizer, o derrotismo, o pessimismo!
Temos de ser capazes de acabar com a impunidade dos responsáveis, por mais arbitrariedades e erros que cometam!

Sim, não foi para isto que se fez o 25 de Abril!
Por isso, como responsáveis maiores do acto libertador de 1974, aqui deixamos o nosso grito de revolta: Não estamos arrependidos, continuamos a considerar que, apesar de tudo, valeu a pena, mas chegou a altura de, também nós, gritarmos que é necessário um outro 25 de Abril!
Mas um 25 de Abril com outras armas!
Não com as G3 e as Chaimites, pois não vivemos em ditadura, mas com as armas que a Democracia nos faculta!
A nossa acção cívica tem de conseguir parar a degradação da nossa sociedade, tem de conseguir devolver-nos a esperança de um novo país, com justiça e solidariedade. Um país mais livre, democrático, justo e fraterno.
E isso só será possível se, todos e cada um, nos imbuirmos do espírito de Abril, se impusermos os seus valores a quem nos dirige. Usando os instrumentos que a Democracia nos fornece, não tendo medo de assumir uma atitude cívica, em defesa e na luta pelos nossos valores, pelos nossos ideais.
Vamos voltar a dizer não! Vamos vencer o medo, não esperando que outros resolvam os problemas! É preciso voltar a avisar toda a gente!
É difícil? Certamente, mas Abril não foi nada fácil. Acreditem que, apesar de ter parecido fácil, porque tudo correu bem, não foi nada fácil.
A responsabilidade na construção de um Portugal verdadeiramente democrático é de todos nós, sem excepção.
Acreditemos todos que é novamente possível!

Viva o 25 de Abril
Viva Portugal

Abril de 2010

sexta-feira, abril 23, 2010

EM CASCATA-PINTURA DE DAD - POEMA DE ANDRÉ MOA


PARA DESCANSAR O MEU LÍQUIDO CORPO
TENHO TODO O TEMPO PARA ALÉM
DESTE TEMPO MEU
E A IMENSIDÃO DO ESPAÇO.
NÃO TENHO PRESSA DE PERDER O TEMPO
E GANHAR O MAR ONDE OS RIOS MORREM.
ENTRE O CHEGAR E O NÃO CHEGAR
PREFIRO CONTINUAR A SER
RIACHO SALTITANTE
A CANTAR DE PEDRA EM PEDRA
DESPREOCUPADO COMO CRIANÇA OCUPADA
NO JOGO DA CABRA-CEGA
E QUE AS LUAS ME CUBRAM
COM VERDES DESMAIADOS
NAS NOITES VIRGENS DAS FLORESTAS
A PERCORRER
E QUE A CLARIDADE DE MIM FAÇA
ÁGUA INCENDIADA
CASCATA DIURNA E REFULGENTE
A BRINCAR COM O SOL AO ARCO-ÍRIS
NO COLO MATERNAL DA TERRA.
QUANDO NOS FINAIS DOS TEMPOS
ENTÃO CHEGAR AO MAR
SEREI O QUE CALHAR
ANJO OU VERME
TUDO OU NADA
ÁGUA TRANSFORMADA
EM LÚDICA GAIVOTA
ALVOROÇADA
(André Moa)
Bom fim de semana para todos!

sábado, abril 17, 2010

Miss Imperfeita? ou Perfeita???

Um belo texto para nós, mulheres, reflectirmos...
Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, ofereço-me como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho o meu dinheiro, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para a minha mãe, procuro as minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago as minhas contas, respondo a toneladas de emails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda trato das unhas e da depilação!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou uma mulher ocupada, mas não uma workholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta entrou na sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros..

O Seu pai e a sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma mulher.

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a divertir-se, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda cheia, não é ser sempre politicamente correcta, não é topar qualquer projecto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.

Tempo para fazer nada.

Tempo para fazer tudo.

Tempo para dançar sozinha na sala.

Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

Tempo para desaparecer dois dias com o seu amor.

Três dias..

Cinco dias!

Tempo para uma massagem.

Tempo para ver a novela.

Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

Tempo para fazer um trabalho voluntário.

Tempo para procurar um abajour novo para o seu quarto.

Tempo para conhecer outras pessoas.

Voltar a estudar.

Para engravidar.

Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque a nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam a nossa caixa postal.

Existir, a que será que se destina?

Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, priveligiar cada pedacinho de si.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, óptimo!

Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que se lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha fechadas em casa, no tempo das nossas avós, espreitando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever os seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'

( Martha Medeiros - Jornalista e escritora)

quinta-feira, abril 15, 2010

Strawberry fields forever...


Os homens europeus descem sobre Marrocos com a missão de recrutar mulheres.
Nas cidades, vilas e aldeias é afixado o convite e as mulheres apresentam-seno local da selecção.
Inscrevem-se, são chamadas e inspeccionadas como cavalos ou gado nas feiras. Peso, altura, medidas,
dentes e cabelo, e qualidades genéricas como força, balanço, resistência. São escolhidas a dedo, porque
são muitas concorrentes para poucas vagas. Mais ou menos cinco mil são apuradas em vinte e cinco mil.
A selecção é impiedosa e enquanto as escolhidas respiram de alívio, as recusadas choram e arrepelam-se
e queixam-se da vida. Uma foi recusada porque era muito alta e muito larga.
São todas jovens, com menos de 40 anos e com filhos pequenos. Se tiverem mais de 50 anos são
demasiado velhas e se não tiverem filhos são demasiado perigosas. As mulheres escolhidas são
embarcadas e descem por sua vez sobre o Sul de Espanha, para a apanha de morangos. É uma
actividade pesada, muitas horas de labuta para um salário diário de 35 euros. As mulheres têm casa e
comida, e trabalham de sol a sol.
É assim durante meses, seis meses máximo, ao abrigo do que a Europa farta e saciada que vimos
reunida em Lisboa chama Programa de Trabalhadores Convidados. São convidadas apenas as mulheres
novas com filhos pequenos, porque essas, por causa dos filhos, não fugirão nem tentarão ficar na
Europa. As estufas de morangos de Huelva e Almería, em Espanha, escolheram-nas porque elas são
prisioneiras e reféns da família que deixaram para trás. Na Espanha socialista, este programa de
recrutamento tão imaginativo, que faz lembrar as pesagens e apreciações a olho dos atributos físicos dos
escravos africanos no tempo da escravatura, olhos, cabelos, dentes, unhas, toca a trabalhar, quem dá
mais, é considerado pioneiro e chamam-lhe programa de "emigração ética".
Os nomes que os europeus arranjam para as suas patifarias e para sossegar as consciências são um
modelo. Emigração ética, dizem eles.
Os homens são os empregadores. Dantes, os homens eram contratados para este trabalho. Eram tão
poucos os que regressavam a África e tantos os que ficavam sem papéis na Europa que alguém se
lembrou deste truque de recrutar mulheres para a apanha do morango. Com menos de 40 anos e filhos
pequenos.
As que partem ficam tristes de deixar o marido e os filhos, as que ficam tristes ficam por terem sido
recusadas. A culpa de não poderem ganhar o sustento pesa-lhes sobre a cabeça. Nas famílias alargadas
dos marroquinos, a sogra e a mãe e as irmãs substituem a mãe mas, para os filhos, a separação
constitui uma crueldade. E para as mães também. O recrutamento fez deslizar a responsabilidade de
ganhar a vida e o pão dos ombros dos homens, desempregados perenes, para os das mulheres,
impondo-lhes uma humilhação e uma privação.
Para os marroquinos, árabes ou berberes, a selecção e a separação são ofensivas, e engolem a raiva em
silêncio. Da Europa, e de Espanha, nem bom vento nem bom casamento. A separação faz com que
muitas mulheres encontrem no regresso uma rival nos amores do marido.
Que esta história se passe no século XXI e que achemos isto normal, nós europeus, é que parece pouco
saudável. A Europa, ou os burocratas europeus que vimos nos Jerónimos tratados como animais de luxo,
com os seus carrões de vidros fumados, os seus motoristas, as suas secretárias, os seus conselheiros e
assessores, as suas legiões de servos, mais os banquetes e concertos, interlúdios e viagens, cartões de
crédito e milhas de passageiros frequentes, perdeu, perderam, a vergonha e a ética. Quem trata assim
as mulheres dos outros jamais trataria assim as suas.
Os construtores da Europa, com as canetas de prata que assinam tratados e declarações em cenários de
ouro, com a prosápia de vencedores, chamam à nova escravatura das mulheres do Magreb "emigração
ética". Damos às mulheres "uma oportunidade", dizem eles. E quem se preocupa com os filhos?
Gostariam os europeus de separar os filhos deles das mães durante seis meses? Recrutariam os
europeus mães dinamarquesas ou suecas, alemãs ou inglesas, portuguesas ou espanholas, para irem
durante seis meses apanhar morango? Não. O método de recrutamento seria considerado vil, uma
infâmia social. Psicólogos e institutos, organizações e ministérios levantar-se-iam contra a prática
desumana e vozes e comunicados levantariam a questão da separação das mães dos filhos numa fase
crucial da infância. Blá, blá, blá. O processo de selecção seria considerado indigno de uma democracia
ocidental. O pior é que as democracias ocidentais tratam muito bem de si mesmas e muito mal dos
outros, apesar de querem exportar o modelo e estarem muito preocupadas com os direitos humanos.
Como é possível fazermos isto às mulheres? Como é possível instituir uma separação entre trabalhadoras
válidas, olhos, dentes, unhas, cabelo, e inválidas?
Alguns dos filhos destas mulheres lembrar-se-ão.
Alguns dos filhos destas mulheres serão recrutados pelo Islão.
Esta Europa que presume de humana e humanista com o sr. Barroso à frente, às vezes mete nojo.

Um excelente texto da Clara Ferreira Alves sobre a Europa.
Dá que pensar sobre o rumo que a sociedade vem tomando.

quarta-feira, abril 14, 2010

Estes foram alguns dos nossos heróis...


























AGORA VEJA!
Barbie - 50 anos
Homem aranha - 60 anos
Hulk - 50 anos
Piu-Piu - 60 anos
Thor - 50 anos
Mulher Maravilha - 60 anos...
E nós???
Olhando para isto...
A vida é curta...
quebre regras, perdoe rapidamente,
Ame de verdade, ria muito
e nunca pare de sorrir, por mais estranho que seja o motivo.
E lembre-se que não há prazer sem riscos.
Viver já é um risco!
Uma boa noite a todos!


A vida pode não ser a festa que esperávamos, mas uma vez que estamos aqui, temos que comemorar!!! Aprecie....o dia a dia!

FACE BOOK

Vale a pena ouvir este video e tomar as devidas cautelas -
BIG BROTHER IS WATCHING YOU!






terça-feira, abril 13, 2010

Lembrar os heróis 4







1906: Em Brogueira, Torres Novas, nasce Humberto da Silva Delgado. - 1922: Entra na Escola do Exército. - 1925: Finaliza o Curso Militar. - 1926: Participa na Revolução de 28 de Maio. - 1939: Emissão e publicação da sua peça "O Estado Novo" - 1952: Nomeado Adido Militar em Washington - 1953: Promovido a General (o mais novo das Forças Armadas) -1958: Candidato à Presidência da República. - 1959: É suspenso e demitido das Forças Armadas; asila-se na Embaixada do Brasil e depois exila-se para aquele país. - 1961: Assume a responsabilidade pelo assalto ao "Santa Maria"; participa na Revolta de Beja. - 1962: É julgado à revelia como implicado no assalto ao "Santa Maria". - 1963: Instala-se na Argélia e assume a chefia da Junta Patriótica de Libertação Nacional. - 1964: Deixa a JPLN e funda a Frente Portuguesa de Libertação Nacional. - 1965: É assassinado pela PIDE nos arredores de Olivença. - 1990: Nomeado, a título póstumo, Marechal da Força Aérea.

O Café Chave de Ouro está repleto. Estamos a 10 de Maio de 1958, a um mês das eleições para a Presidência da Republica. Primeiro acto público com a presença do Candidato Humberto Delgado depois de iniciado oficialmente o período eleitoral.
À nossa volta personalidades de todos os matizes políticos que se opõem ao regime salazarista. E certamente não só. A Polícia Política, de uma forma ou de outra não deixará de aí ter ouvidos e olhos para, como usualmente, saber o que se passa e com quem se passa...
O professor Vieira de Almeida, o primeiro orador, com o brilhantismo que levava às suas aulas gente de todas as escolas superiores de Lisboa, depois de referir a surpresa enorme que teve pela sua investidura como Presidente da Comissão Nacional da Candidatura, considera-a explicada pela presença de tantas pessoas que representam tão diversas correntes de opinião.
Faz de seguida a apresentação de Humberto Delgado, General, candidato independente. Não procura o apoio de partido algum. Apresenta-se sem compromissos partidários. Aceita o apoio de todos os homens de boa vontade. Desassombradamente, sem desconhecer o risco que corre. Explica que tal não significa que se considerem em si mesmos ilegítimos os partidos. Pelo contrário.
Acrescenta que "a decisão de apresentar a candidatura é tanto mais meritória quanto as condições são nitidamente desfavoráveis".
Ergue-se Humberto Delgado. A expectativa não pode ser maior. A sala está suspensa do que seguirá. Os minutos seguintes justificam-na, se todo o cenário não a tivesse justificado já.
O General começa por agradecer as variadas presenças. Propõe-se responder às perguntas dos jornalistas. Critica o Governo e a União Nacional pela sonegação dos cadernos eleitorais à oposição. O que "integra a tendência de todas as ditaduras para a crueldade". Prossegue:
"O Governo não abranda as suas tradicionais perseguições à oposição".
Refuta a referência de determinado jornal à sua candidatura como sendo apoiada por uma potência estrangeira a que contrapõe o carácter indiscutivelmente nacionalista da sua posição desde sempre. Surge a primeira pergunta, do correspondente da France Press.
"Qual a sua atitude para com o Sr. Presidente do Conselho se for eleito?"
E a resposta, imediata, enérgica, sem uma hesitação, sem um tremor:
"Obviamente, demito-o".
É difícil acreditar no que estamos a ouvir. Mais que uma frase, é uma bomba. Uma revolução. Por terra a muralha que se opõe ao sacrilégio de dizer em público palavras agressivas ou menos respeitosas para com o "Chefe Supremo".
Rebentar da bomba que verdadeiramente inicia o caminho que o introduz na História, e lhe carreia o cognome de
"General sem Medo".
"Sem medo" contagiante que liberta de muitos medos. E cria outros que o tempo mostrará.

segunda-feira, abril 12, 2010

Lembrar os heróis 3

Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches nasceu, a 19 de Julho de 1885, em Cabanas de Viriato (Carregal do Sal) a cerca de 20km de Viseu. Pertencia a uma família aristocrática e católica da Beira-Alta. O pai, José de Sousa Mendes, era juiz tendo terminado a sua carreira no Tribunal da Relação de Coimbra. A mãe, Maria Angelina do Amaral e Abranches, era também da região e descendia da “Casa de Midões”, uma Casa com tradições “Liberais”. Aristides de Sousa Mendes foi um de três irmãos, sendo gémeo de um deles.
Aristides cursou Direito na Universidade de Coimbra. De facto, num estudo realizado nesta Universidade, surge entre os seis melhores estudantes do seu curso. Depois de se licenciar, em 1907, com 22 anos, fez o estágio de advocacia, tendo defendido alguns casos no início da sua carreira.
Em 1910, ainda em monarquia, Aristides e o irmão gémeo César, ingressaram na Carreira Consular. Aristides exerceu funções como Cônsul de Carreira na Guiana Britânica, em Zanzibar, no Brasil (Curitiba e Porto Alegre), nos Estados Unidos, (S. Francisco e Bóston), em Espanha (Vigo - Galiza), na Bélgica e no Luxemburgo e, finalmente, em França (Bordéus).
A par da carreira consular a família de Aristides de Sousa Mendes foi crescendo. Assim, quatro dos seus filhos nasceram em Zanzibar, duas no Brasil, dois nos Estados Unidos, um em Espanha, dois na Bélgica e os três que perfazem o total de 14, em Portugal. Valorizando a presença da família, Aristides de Sousa Mendes, optou por nunca dela se separar, assegurando a educação dos seus filhos por todos os países por onde passou. Assim, para além da educação académica, todos tiveram acesso a aulas de pintura, desenho e música. “Lá em casa, havia uma verdadeira orquestra de câmara e, regularmente, convidavam-se pessoas para assistir a concertos. Tocava-se Chopin, Mozart, Bach, Beethoven, etc. “
Detentor de uma grande cultura geral, era uma pessoa com muita delicadeza e “savoir-faire”. Facilmente fazia amigos. Em Zanzibar, por exemplo, o Sultão foi padrinho de dois dos seus filhos… o Rei Leopoldo da Bélgica, terá dito uma vez em público: “ah, voilà mon ami, le Consul Général du Portugal!”… Sobretudo durante os 9 anos em que viveu na Bélgica, Aristides de Sousa Mendes conviveu com o dramaturgo Maeterlinck, Prémio Nobel da Literatura, assim como Albert Einstein, que “lá foi a casa”, em 1935, quando deixou a Alemanha.
A vida de Aristides assume, no entanto, uma dimensão inesperada em Bordéus, França, um posto que, do ponto de vista da Carreira Consular, não lhe trazia nada de novo. Aristides vai para Bordéus em Agosto de 1938, contrariado…não entendendo por que razão, Salazar o não promove para um posto no Extremo Oriente, como ele tinha pedido.
Em Setembro de 1939, começa a Segunda Guerra Mundial, e logo em Novembro desse ano, Salazar, de forma clara, alinha-se ao lado do mais forte, Hitler, para poupar certamente Portugal a uma hipotética invasão nazi…esse alinhamento traduz-se nomeadamente pela adopção de uma circular, “ a famosa Circular 14”, pela qual, Salazar proíbe aos judeus, asilo em Portugal. Na prática, nenhum diplomata português está autorizado a passar vistos de entrada em Portugal a judeus….nenhum diplomata português poderá salvar pessoas de campos de morte….
Aristides é formalmente avisado por Salazar para não dar vistos a judeus, no início de 1940, “se o fizer, ficará sujeito a procedimento disciplinar”.
Só que Paris cai nas mãos de Hitler, a 14 de Junho e no dia seguinte, Bordéus está submergida de refugiados, é o salve-se quem puder! Bordéus, uma cidade para 200.000 pessoas passa a ter um milhão! É o pânico generalizado…”dir-se-ia o fim do mundo”, como escreveu trinta anos mais tarde nas suas “Memórias”, Pedro Teotónio Pereira principal acusador do Cônsul.
A 16 de Junho, Aristides de Sousa Mendes abre as portas do Consulado, a milhares de pessoas concedendo-lhes vistos indiscriminada e gratuitamente. A autora de “Vidas Poupadas – a acção de três diplomatas portugueses na II Guerra Mundial”, Dr.ª Manuela Franco, menciona um telegrama de 21 de Junho enviado por Aristides de Sousa Mendes ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde este confirma ter ordenado que se passassem vistos “indiscriminadamente e de graça”. O historiador Yehuda Bauer, no seu livro “A History of the Holocaust”, escreve: “o Cônsul português em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, concede vistos de trânsito a milhares de judeus refugiados, em transgressão das regras do seu governo. Talvez a maior acção de salvamento feita por uma só pessoa durante o holocausto”.
A 19 de Junho, Aristides segue para Bayonne e depois para Hendaye/Irun. Durante dias e dias anda de um lado para o outro, salvando pessoas nas estradas do sul de França, nas estações de caminhos-de-ferro, conduzindo mesmo um grupo de centenas de refugiados através dos Pirenéus, a pé e de automóvel.
Segundo os registos da Pide (PVDE) entraram em Portugal só nos dias 17, 18 e 19 de Junho de 1940, cerca de 18000 pessoas com vistos assinados pelo “Cônsul desobediente”…” os guardas da fronteira de Vilar Formoso não se lembram de ter visto tanto movimento”… O “Alto Comissariado para os Refugiados da Sociedade das Nações” calculou que nesse verão tenham entrado em Portugal 40000 refugiados. Esse número é confirmado pela organização judaica “Joint”. Na sua casa em Cabanas de Viriato, ele recebeu dezenas de refugiados, sobretudo no verão de 1940, nomeadamente as famílias dos Ministros belga no exílio, Albert de Vleeshchouwer e Van Zealand, um alto responsável das finanças belga, assim como muitas freiras e outros religiosos conhecidos do seu tempo de Louvain.
Aristides de Sousa Mendes é, consequentemente, afastado da Carreira Diplomática por Salazar e afastado de qualquer actividade profissional, sendo ostracizado pelos seus pares, familiares e amigos. Os filhos, perseguidos e não podendo encontrar trabalho em Portugal, são obrigados a emigrar. Dois deles, logo em 1943, juntam-se ao exército americano e até participam na invasão da Normandia a 6 de Junho de 1944.
Entre 1940 e 1954, Aristides entra num processo de “decadência”, perdendo, mesmo, a titularidade do seu gesto salvador…pois, Salazar apropria-se desse acto. Através da propaganda do Estado Novo, os jornais do regime louvam Salazar: “Portugal sempre foi um país cristão” é o título de um Editorial do Diário de Notícias do mês de Agosto de 1940, em que Salazar é louvado por ter salvo refugiados no Sul de França. Até Teotónio Pereira, refere, nas suas “Memórias”, a acção de Aristides de Sousa Mendes como sendo de sua autoria! O cônsul morre em 3 de Abril de 1954.

Este post foi-me sugerido pelo amigo Paixão Lima!
O cônsul Aristides Sousa Mendes é alguém
muito especial pela sua bondade e clarividência
e um verdadeira referência de amor ao próximo!

Um marco de amor na nossa história!
Vale a pena glorificar este herói!

Lembrar os heróis 2

Uma senhora de 98 anos chamada Irena faleceu há pouco tempo.Durante a 2ª Guerra Mundial, Irena conseguiu uma autorização para trabalhar no Gueto de Varsóvia, como especialista de canalizações. Mas os seus planos iam mais além... Sabia quais eram os planos dos nazis relativamente aos judeus (sendo alemã!) Irena trazia meninos escondidos no fundo da sua caixa de ferramentas e levava um saco de sarapilheira, na parte de trás da sua camioneta (para crianças de maior tamanho). Também levava na parte de trás da camioneta, um cão a quem ensinara a ladrar aos soldados nazis quando entrava e saia do Gueto. Claro que os soldados não queriam nada com o cão e o ladrar deste encobriria qualquer ruído que os meninos pudessem fazer.Enquanto conseguiu manter este trabalho, conseguiu retirar e salvar cerca de 2500 crianças. Por fim os nazis apanharam-na e partiram-lhe ambas as pernas e os braços e prenderam-na brutalmente. Irena mantinha um registo com o nome de todas as crianças que conseguiu retirar do Gueto, que guardava num frasco de vidro enterrado debaixo de uma arvore no seu jardim. Depois de terminada a guerra tentou localizar os pais que tivessem sobrevivido e reunir a familia. A maioria tinha sido levada para aa câmaras de gás. Para aqueles que tinham perdido os pais ajudou a encontrar casas de acolhimento ou pais adoptivos. No ano passado foi proposta para receber o Prémio Nobel da Paz... mas não foi seleccionada .Não deverá ser esquecida!
É um grande exemplo de amor ao próximo e preseverança!

domingo, abril 11, 2010

Lembrar os heróis 1




O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos,nem dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética.

O que mais preocupa é o silêncio dos bons!"


(Martin Luther King)

sábado, abril 10, 2010

Bom fim de semana e fiquem com esta!

Também gostava que houvesse cá uma Deputada Cindinha Campos!
Vale a pena ouvir...
O Parlamento brasileiro, com isto que se pode ouvir, demostrou ser verdadeiramente democrático! Provavelmente o resultado vai ser positivo! Tomara que sim pois acabar com casos de corrupção devia ser vontade de todos os governos!