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Recebi do Amigo Paixão Lima este texto que publico, com muito prazer, para que a memória não se perca...
Hoje é um grande dia. Deveria ser um grande dia. O homem tem a memória curta e esquece facilmente. A juventude de hoje não valoriza o 25 de Abril de 74, a revolução dos cravos, porque não viveu a ditadura do posso, quero e mando. Não lembra a guerra colonial e o estendal de sangue e dor consequentes. As milhares de vidas sacrificadas em vão, por um falso ideal. Por uma mentira grosseira. A erosão de tempo provoca o esquecimento. Os cravos vermelho, estão hoje mais murchos e menos viçosos. A bem dizer, os cravos já não são vermelhos, são rosa. Amanhã serão castanhos. E no futuro, os cravos terão cor indefinida.
Lembro um sábado de tarde de 66, no café Martinho da Arcádia. Encontrava-me com dois amigos, sentados à mesa, a saborear o habitual carioca de limão. Começamos por falar de mulheres, assunto mais importante. Derivamos para o futebol, o tal que a põe a dormir. E acabamos na política. Aí, com o meu feitio impulsivo, exclamei com a minha voz de comando. - Esse tipo?! Não me fales nele. O Salazar é um ditador. Na mesa vizinha, dois tipos de chapéu de feltro na cabeça, levantam-se e com voz de poucos amigos, ordenam:- Façam o favor de nos acompanharem. E nós fizemos...o favor. Fomos para o Governo Civil e lá passámos a noite no calabouço. No dia seguinte, um capitão com cara de mestre-escola, prega-nos um sermão de meia hora. «Para não nos metermos onde não somos chamados. Deixarmos a política para os políticos. Para entretermo-nos a falar de futebol, preferencialmente do Benfica, etc.» Como meninos obedientes e bem comportados, e imitando aqueles animaizinhos enigmáticos e com orelhas compridas, fomos acenando que sim com a cabeça a tudo e não só. Eis como ainda hoje me considero um combatente antifascista. Até fui preso. Não o venho a proclamar, por esquecimento.
Quanto à menina Esperança, estou apaixonado por ela desde sempre. É moça muito atraente, e eu amo-a. Ela nunca morre, porque é imortal. Só que farto-me de procurá-la e nunca a encontro. Será que o defeito é meu?! Ou será que ela não vai com a minha cara? Deve ser ambas as coisas.
Para despedida, vou cantarolar uma canção, que já poucos recordam: - Uma gaivota voava, voava...para onde?! Não sei onde pára a gaivota. Pois...
Lembro um sábado de tarde de 66, no café Martinho da Arcádia. Encontrava-me com dois amigos, sentados à mesa, a saborear o habitual carioca de limão. Começamos por falar de mulheres, assunto mais importante. Derivamos para o futebol, o tal que a põe a dormir. E acabamos na política. Aí, com o meu feitio impulsivo, exclamei com a minha voz de comando. - Esse tipo?! Não me fales nele. O Salazar é um ditador. Na mesa vizinha, dois tipos de chapéu de feltro na cabeça, levantam-se e com voz de poucos amigos, ordenam:- Façam o favor de nos acompanharem. E nós fizemos...o favor. Fomos para o Governo Civil e lá passámos a noite no calabouço. No dia seguinte, um capitão com cara de mestre-escola, prega-nos um sermão de meia hora. «Para não nos metermos onde não somos chamados. Deixarmos a política para os políticos. Para entretermo-nos a falar de futebol, preferencialmente do Benfica, etc.» Como meninos obedientes e bem comportados, e imitando aqueles animaizinhos enigmáticos e com orelhas compridas, fomos acenando que sim com a cabeça a tudo e não só. Eis como ainda hoje me considero um combatente antifascista. Até fui preso. Não o venho a proclamar, por esquecimento.
Quanto à menina Esperança, estou apaixonado por ela desde sempre. É moça muito atraente, e eu amo-a. Ela nunca morre, porque é imortal. Só que farto-me de procurá-la e nunca a encontro. Será que o defeito é meu?! Ou será que ela não vai com a minha cara? Deve ser ambas as coisas.
Para despedida, vou cantarolar uma canção, que já poucos recordam: - Uma gaivota voava, voava...para onde?! Não sei onde pára a gaivota. Pois...