sábado, março 27, 2010

A uma mulher


A Uma Mulher

Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito sobre o teu peito
Estavas trémula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angustia do regresso morava já nos teus olhos
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido
Mas quando os meus lábios tocaram os teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.
(Vinicius de Moraes)

2 comentários:

Paixão Lima disse...

A uma mulher, mas não a uma mulher qualquer. A uma mulher bela, para quem a amou. Mas que viveu uma vida feliz, por ter sido amada, mas plena de dor. Que só encontrou a ausência do sofrimento e a serenidade, quando morreu.
É o fardo da carne ou a injustiça divina?
Bjs para a Maria da Piedade (bonito nome).

Dad disse...

Para o Paixão Lima:
Muito obrigada pelo seu comentário, muito bonito e muito obrigada pela observação que faz ao meu nome. Eu, nem por isso o acho muito bonito!

Beijinho grande,