quarta-feira, junho 25, 2008

Poema de Agostinho Neto

Noite
Eu vivo nos bairros escuros
do mundo sem luz nem vida.
Vou pelas ruas às apalpadelas,
encostado aos meus informes sonhos,
tropeçando na escravidão ao meu desejo de ser.
São bairros de escravos,
mundos de miséria, bairros escuros,
onde as vontades se diluíram
e os homens se confundiram com as coisas.
Ando aos trambolhões
pelas ruas sem luz,desconhecidas,
pejadas de mística e terror, de braço dado com fantasmas.
Também a noite é escura.
(Agostinho Neto)

sexta-feira, junho 20, 2008

Pensamento para o fim de semana

"O maior mal do século não é a pobreza dos desprovidos, é a inconsciência dos garantidos"
(P. Lebret).
Desejo-vos um óptimo fim de semana!
Dad

quinta-feira, junho 19, 2008

UMA HISTÓRIA DE AMOR, VERDADEIRA!


Quem é Quem:
Ela – Rica, bonita, inteligente, com estudos, filha do patrão.
Ele – Filho do rendeiro, bonito, inteligente mas com poucos estudos.
Os dois – a mesma idade- 20 anos.
Local da ocorrência – província, em Portugal
Agitação – amor entre os dois – impossível

Ela casou com outro.
Ele casou com outra.
Ao princípio da ocorrência ainda sabiam, esporadicamente, um do outro,
Depois deixaram de saber.

Passaram 50 e alguns anos…
Um dia e no funeral de um parente da menina/agora velha ,
Aparece ele, o rapaz/agora velho.
Ela viúva – Ele ainda casado com uma senhora agarrada a uma cama,por doença grave, há muitos anos...

Olham-se, reconhecem-se, nos seus olhos a velhice não contou.
Ele continua a achá-la linda – o grande amor da sua vida –
Ela acha que já nada vale a pena mas gosta que ele lhe telefone.

A partir desse dia e quando o telefone toca, e como se os 50 e tal anos que passaram, tivessem desaparecido do rolar dos anos que os separaram.
-Deus me livre de vir a ter alguma coisa com ele, um homem casado,Diz Ela – a menina.
Podíamos ainda ser felizes – considera ele,mais atrevidote, mas com medo de ferir a sua amada.

Não foi assim que me educaram – nem pensar… diz Ela

E nos seus setenta e muitos anos, de um e de outro, recomeçaram a falar
ao telefone (que um vive no Norte e o outro no Sul)…

Toda a gente lhe pergunta a Ela:
-O que é que lhe aconteceu que está mais nova e mais bonita?

Não sei se alguém lhe pergunta a Ele alguma coisa…

O que sei é que o amor destes dois lembrou-me um filme que vi há pouco tempo-
-O AMOR EM TEMPO DE CÓLERA – cujo livro já tinha lido eu, há bastante tempo e é do Gabriel Garcia Marquez.
Hoje, quando me contaram esta história verídica, fiquei a pensar como um enterro proporcionou o encontro de duas almas que agora vivem mais felizes, suspensos da hora em que um telefone, algures , neste país, simplesmente toque…

Gostei!
E pronto. Gostaram?
Bjs,
Dad

domingo, junho 15, 2008

A necessidade da mudança

1985 - Michael Jackson e vários cantores de renome, juntam-se para lançar um disco "contra a fome na Etiópia". Aquele era o grande flagelo daquela altura. Passados 23 anos, nem a Etiópia melhorou substancialmente e muitos outros países ficaram cada vez mais pobres e a fome e a doença alastraram como uma grande praga lançada a este nosso mundo de desigualdades.
Aí está o vídeo que para além de ser muito bem cantado, nos faz pensar um bom bocado sobre o que é que cada um de nós poderá ajudar a fazer contra o flagelo da pobreza que, muitas vezes envergonhada, existe quase à nossa porta.
Como diria Sophia "Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar..."
Bom fim de semana para todos!
Dad

sexta-feira, junho 13, 2008

Dia de Santo António, já tardito...

Ó meu rico Santo António,
Padroeiro de Lisboa e de Cascais,
Vê lá se olhas por nós...
Pois isto... já é demais...
Ainda por cima fazes anos
no dia do nosso Pessoa,
Vê lá se aí pelos céus,
encontras qualquer coisita boa
que nos possas daí mandar
para o povo consolar.
A bela sardinha assada,
coitada... anda envergonhada
e quase que ainda cai...
c'o medo que tem da asae...

Faz hoje 120 anos que nasceu

Fernando Pessoa - Poema DREAM

Qualquer coisa de obscuro permanece
No centro do meu ser, se me conheço,
É até onde, por fim mal, tropeço
No que de mim em mim de si se esquece.


Aranha absurda que uma teia tece
Feita de solidão e de começo
Fruste, meu ser anónimo confesso
Próprio e em mim mesmo a externa treva desce.


Mas, vinda dos vestígios da distância
Ninguém trouxe ao meu pálio por ter gente
Sob ele, um rasgo de saudade ou ânsia.
Remiu-se o pecador impenitente
À sombra e cisma. Teve a eterna infância,
Em que comigo forma um mesmo ente.
Fernando Pessoa
(faz hoje 120 anos que nasceu, em Lisboa,
no Chiado)

quarta-feira, junho 11, 2008

Muito actual...


Poema de um amigo - Ernesto Leandro

Hoje não vou falar mais.
Tudo o que dissesse,
pareceria uma prece
de pecador arrependido.
Trouxe comigo Satanás
para o meu céu sonhado
e ele fugiu, envergonhado
do anjo que sou e que serei,
apesar da gente que açoitei
e feri...
e agora chicoteado
pelo verdugo que sou
tenho saudades desse céu sonhado,
mas não deixarei de ir,
por onde vou!!!
(Ernesto Leandro)

quinta-feira, junho 05, 2008

Isto é um grito ou uma súplica?

Ecos, gritos e sinais…
Para onde caminhamos?
Arre, chiça que é demais…

Cada vez mais desemprego,
Cada vez menos dinheiro…
Uns põem tudo no “prego”…
Outros enchem o c. ao banqueiro…

E para quando esse dia
De notícias de igualdade,
De amor, de fraternidade?

Já estou farta de saber…
E de ouvir,e até de ver,
Só miséria, só tortura!
Quero ligar a televisão
E saber que o meu irmão
Ser humano e português
Consegue viver feliz
E ter direito ao seu pão,
Sem passar humilhação,
Neste país que é o nosso.

Ouvir só tristeza e dor…
Já é demais…ó Senhor!
Dad

terça-feira, junho 03, 2008

E o céu aqui tão perto...

Caminho sobre o céu,
num pôr do sol... e mais nada...
Mergulhando estou na promessa da noite...
Olho em frente...sigo em frente...
Ali...mais além...
Eis a ilha - promessa redonda
de amor no final do dia...
Visto-me de estrelas e da via láctea.
Ponho um perfume de ninfas
e mergulho na densidão do pensamento.
Olho os último raios de sol...e...naquele momento,
Eis a noite que chega, devagarzinho...
E ali fico.
Vestida dos vermelhos dos raios do sol poente,
e disfruto aquele momento do caminho,
Em que o céu e a terra se tocam, na melodia perfeita dos sinais,
na conjunção perfeita
que fará da noite
uma noite mais...
enluarada já, continuo ali...extasiada...
Dad