Hoje percebi melhor as inúmeras burocracias, para não chamar coisas piores..., pelas quais terão que passar os nossos idosos (com 80 anos minimo!) para acederem ao subsídio extraordinário para acréscimo da pensão, se esta não atingir os 300 euros.
Fiquei triste e perturbada porque sei que grande parte das pessoas nessas condições, não irá tentar receber esse magro quinhão, pois as exigências são tantas que, estou certa, vão desistir, mal lhes seja encomendada a tarefa de arranjarem os papéis necessários.
O mais triste de tudo isto é que, para além de terem que fazer eles próprios a prova que não têm meios, deverão obter dos filhos as suas declarações de rendimentos para que o Estado(que afinal somos nós!) se assegure se o idoso tem ou não direito à pensão.
Se for comprovado que os filhos têm bens, o pai ou a mãe em causa, depois de notificado o filho, se este não ajudar, deverá pôr o filho em tribunal para vir, eventualmente, a ter direito a receber dele ou dela a ajuda que se tornará necessária para viver um poucochinho melhor.
Quem é o pai ou a mãe que vai querer fazer isto? Quem é o filho ou a filha que, se não ajuda e não contribui voluntáriamente para quem lhe seu o ser, vai passar a fazê-lo se for "obrigado" pelo Estado?
Depois de toda a discussão que ouvi, o sentimento que me ficou foi de uma profunda tristeza, pois mais uma vez estamos a esquecer aquilo que seria lógico pensar em primeiro lugar. Onde estão os afectos, nesta situação?
Que tipo de relacionamento existe entre pais e filhos?
Que tipo de filhos criámos nós ou estamos a criar que precisarão de uma "achega" do Estado para ajudar os seus pais?
Ajudarão? Qual será a contra-partida disso?
E mais uma vez! Qual será a situação do idoso que se vê confrontado com esta situação?
Estou convencida que a maior parte dos nossos idosos, seja qual for a idade, não vai querer obter dos filhos coercivamente a ajuda que lhes deveria ser dada voluntáriamente e com amor.
Acho que todos irão desistir deste programa porque para além das importâncias em causa serem ridículas, para alguém que vive um drama destes, já não lhe resta força, capacidade e tempo de vida para se defrontar com uma lei destas...
Dizia-se que é preciso promover a justiça social. Mas que justiça?