20 anos se passaram desde que tu morreste
e os gritos dos pobres e dos oprimidos ficaram mais pobres sem a tua poesia
e sem a tua voz.
Mas na verdade só se morre quando a memória se perde e a memória de ti
ficará indelevelmente a marcar todas as gerações de Portugal.
Onde houver um grito clamando justiça, tu ali estarás sempre, proclamando
com a tua voz serena os direitos de todos nós.
E como, infelizmente, continuam a existir meninos em bairros negros,
aqui deixo as tuas palavras...
Menino do Bairro Negro
Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz
Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Vira também
Negro
bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Se até da gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti
Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver
Negro
bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção