quarta-feira, outubro 02, 2013

A NOITE

Na noite, a casa, O quarto e o menino que dorme, Os carros que passam, Rápidos correm Para destinos desconhecidos As paredes, as dimensões que se alongam O vento que sopra, a noite…imensa… Senhora de manto insone Que caminha a estende os tentáculos Pelas ruas enchendo de amplitude os sons A noite misteriosa e excitante, A noite que me encontra aqui, neste lugar Implantada no tempo e no espaço, Estou, Sou! Sou alguém à procura de alguém que se encontre para além das frinchas das persianas entreabertas. Alguem que nem é matéria nem espírito… Uma bola de fogo subindo, Imperturbável através dos milhares De estrelas que não são… As luzes de uma cidade que não vive porque foi estrangulada De trânsito e de ruidos. Alguem que foi asas e barco e mar e flores na Primavera; Que se vestiu de gelo e de Sol para estar nos Polos e nos Trópicos. Cantou e e rezando a um Deus desconhecido, inventou palavras Novas Para adornar de luz os cabelos e fez correr os rios por entre os meus Dedos, à descoberta de mundos novos. Foi a aventura da nau que navegou por mares desconhecidos e rasgou O ventre dos mares com as agulhas de tecer as ondas e enfunou as velas Com a brisa refrescante de uma corrente de polos diferentes que se tocam Porque aspiraram à proximidade… E a nau fez-se nave e ascendeu aos céus e ao terceiro dia encontrou-se na Presença do Homem Novo e ali viu que a sua descoberta tinha sido boa e chamou-lhe De AMOR E FICOU FELIZ POR TER SAIDO PARA A RUA E TER ENCONTRADO A MULTIDÃO QU VIA NELE O SALVADOR E ENCHEU-LHE COM OS AROMAS QUE TROUXE DO CÉU E ADORNOU-LHE AFRONTE COM AS FLORES QUE CRESCEM. NOS PAISES QUE ESTÃO POR DESCOBRIR PELO RESTO DA HUMANIDADE. E AO CANTAREM VELHAS BALADAS DE MARINHEIROS JULGAVAM QUE ESTAVAM A REDESCOBRIR UM MUNDO QUE TINHA SIDO PERDIDO PORQUE NÃO HAVIA PUREZA PARA O AGARRAR, E JURARAM QUE REGARIAM A FLOR MARAVILHOSA QUE HAVIAM FEIRO NASCER. E CONSTRUIRAM UMA FORTALEZA NUMA ILHA MUITO DELES E DERAM-LHE UM NOME QUE SÓ ELES CONHECIAM E JULGARAM QUE AGORA JÁ NADA PODERIA TORNAR VULNERÁVEL O SEU MUNDO. Nem a idade, nem as contrariedades, porque ali o tempo e o espaço tinham sido abolidos. Que eles inventaram. Eram, ao mesmo tempo, reis e mendigos Eram, por si só o princípio e o fim. E agora que subitamente pestanejo, olho à minha volta e descubro que não cheguei a sair do meu quarto e do meu menino estar a dormir e de ser noite, noite, noite e dos carros que passam, rápidos e das dimensões das paredes que se alongam… Noite, noite…noite… Estou cansada! Vou dormir… DAD 17/7/78 E o ar ganhou as fragâncrias que eles quiseram e tudo se cobriu das cores

NOITE

segunda-feira, junho 24, 2013

Para testar a personalidade de um alentejano, o dono da empresa mandou pagar 500 euros a mais no salário dele.


Os dias passam e o funcionário não diz nada.

No mês seguinte, o patrão faz o inverso: manda tirar 500 euros.

Nesse mesmo dia, o funcionário entra na sala para falar com ele:

- Engenheiro, acho que houve um engano e tiraram-me 500 euros do meu salário.

- Ah?! Curioso porque no mês passado eu paguei-lhe 500 euros a mais e você não comentou nada!

- Pois, mas atão um erro eu ainda tolero; agora dois acho um abuso!!!























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quinta-feira, junho 20, 2013

Ora assim mesmo é que é...
É preciso ter coragem para mostrar as Notas...

sexta-feira, junho 07, 2013

                    Escreve a Mãe de Paulo Portas

Escreve a mãe de Paulo Portas, Helena Sacadura Cabral :Ontem tive o azar de apanhar o PM do país onde nasci, a explicar das suas razões para uma mais que certa retroactividade de cortes aos pensionistas "que estão a receber"(sic)Fui educada numa família de gente séria que trabalhava para sustentar os seus e que considerava ser essa a obrigação de todos aqueles que tinham decidido constitui-la.Trabalho para viver do modo que sempre vivi, pois a reforma que recebo e o que este Estado me tira - estou a ser educada - não me permitiriam viver apenas dela. E tenho a sorte de ainda haver quem prefira comprar um livro meu a uma camisola básica. Essa é que é essa.Dito isto, desliguei a televisão irritadíssima. Pronunciei alto umas palavras que não costumo usar e deitei-me. Tive uma noite de insónia, revoltada com o que ouvira e decidi que ninguém me poria a vista em cima neste fim de semana. Era a minha única forma de evitar eventuais desaguisados.Hoje levantei-me e fui à missa pela minha Mãe, que faria anos se fosse viva. E sabem que mais? Fui comer sardinhas assadas lá para as bandas do Tejo, beber sangria e caminhar ao sol. DesanuvieiO Dr Gaspar e a reforma do Estado podem levar-me a pensão, podem levar-me o pouco que tenho no banco para uma doença, mas não hão-de conseguir nem levar-me a voz, nem levar-me a alegria de estar viva. Porque eu não quero e porque eu não deixo!

terça-feira, junho 04, 2013

Senhores Ministros:




Tenho 86 anos, e modéstia à parte, sempre honrei o meu país pela forma como o representei em todos os palcos, portugueses e estrangeiros, sem pedir nada em troca senão respeito, consideração, abertura – sobretudo aos novos talentos -, e seriedade na forma como o Estado encara o meu papel como cidadão e como artista.

Vivi a guerra de 36/40 com o mesmo cinto com que todos os portugueses apertaram as ilhargas. Sofri a mordaça de um regime que durante 48 anos reprimiu tudo o que era cultura e liberdade de um povo para o qual sempre tive o maior orgulho em trabalhar. Sofri como todos, os condicionamentos da descolonização. Vivi o 25 de Abril com uma esperança renovada, e alegrei-me pela conquista do voto, como se isso fosse um epítome libertador.

Subi aos palcos centenas, senão milhares de vezes, da forma que melhor sei, porque para tal muito trabalhei.

Continuei a votar, a despeito das mentiras que os políticos utilizaram para me afastar do Teatro Nacional. Contudo, voltei a esse teatro pelo respeito que o meu público me merece, muito embora já coxo pelo desencanto das políticas culturais de todos os partidos, sem excepção, porque todos vós sois cúmplices da acrescida miséria com que se tem pintado o panorama cultural português.

Hoje, para o Fisco, deixei de ser Actor…e comigo, todos os meus colegas Actores e restantes Artistas destes país - colegas que muito prezo e gostava de poder defender.



Tudo isto ao fim de setenta anos de carreira! É fascinante.

Francamente, não sei para que servem as comendas, as medalhas e as Ordens, que de vez em quando me penduram ao peito?

Tenho 86 anos, volto a dizer, para que ninguém esqueça o meu direito a não ser incomodado pela raiva miudinha de um Ministério das Finanças, que insiste em afirmar, perante o silêncio do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do Presidente da República, de que eu não sou actor, que não tenho direito aos benefícios fiscais, que estão consagrados na lei, e que o meu trabalho não pode ser considerado como propriedade intelectual.

Tenho pena de ter chegado a esta idade para assistir angustiado à rapina com que o fisco está a executar o músculo da cultura portuguesa. Estamos a reduzir tudo a zero... a zeros, dando cobertura a uma gigantesca transferência dos rendimentos de quem nada tem para os que têm cada vez mais.

É lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade, para conscientemente delapidar a esperança e o arbítrio de quem, afinal de contas, já nem nas anedotas é o verdadeiro dono de Portugal: nós todos!

É infame que o Direito e a Jurisprudência Comunitárias sirvam só para sustentar pontualmente as mentiras e os joguinhos de poder dos responsáveis governamentais, cujo curriculum, até hoje, tem manifestamente dado pouca relevância ao contexto da evolução sociocultural do nosso povo. A cegueira dos senhores do poder afasta-me do voto, da confiança política, e mais grave ainda, da vontade de conviver com quem não me respeita e tem de mim a imagem de mais um velho, de alguém que se pode abusiva e irresponsavelmente tirar direitos e aumentar deveres.

É lamentável que o senhor Ministro das Finanças, não saiba o que são Direitos Conexos, e não queiram entender que um actor é sempre autor das suas interpretações – com diretos conexos, e que um intérprete e/ou executante não rege a vida dos outros por normas de Exel ou por ordens “superiores”, nem se esconde atrás de discursos catitas ou tiradas eleitoralistas para justificar o injustificável, institucionalizando o roubo, a falta de respeito como prática dos governos, de todos os governos, que, ao invés de procurarem a cumplicidade dos cidadãos, se servem da frieza tributária para fragilizar as esperanças e a honestidade de quem trabalha, de quem verdadeiramente trabalha.

Acima de tudo, Senhores Ministros, o que mais me agride, nem é o facto dos senhores prometerem resolver a coisa, e nada fazer, porque isso já é característica dos governos: o anunciar medidas e depois voltar atrás. Também não é o facto de pôr em dúvida a minha honestidade intelectual, embora isso me magoe de sobremaneira. É sobretudo o nojo pela forma como os seus serviços se dirigem aos contribuintes, tratando-nos como criminosos, ou potenciais delinquentes, sem olharem para trás, com uma arrogância autista que os leva a não verem que há um tempo para tudo, particularmente para serem educados com quem gera riqueza neste país, e naquilo que mais me toca em especial, que já é tempo de serem respeitadores da importância dos artistas, e que devem sê-lo sem medos e invejas desta nossa capacidade de combinar verdade cénica com artifício, que é no fundo esse nosso dom de criar, de ser co-autores, na forma, dos textos que representamos.

Permitam-me do alto dos meus 86 anos deixar-lhes um conselho: aproveitem e aprendam rapidamente, porque não tem muito tempo já. Aprendam que quando um povo se sacrifica pelo seu país, essa gente, é digna do maior respeito... porque quem não consegue respeitar, jamais será merecedor de respeito!



RUY DE CARVALHO

segunda-feira, junho 03, 2013

PRAGAS DO ALVOR

Pragas de Alvor (Algarve) ....!!!


Ah mês bençoades amigues, vejem bém

algumas das pragas rogadas pelos filhos de Alvor!!!!!!!!1. Ah maldeçoade! Que tevesses uma dor de barriga tã grande, tã grande, que te desse pra correr, que cande más corresses más te doesse e que cande parasses arrebentasses.



2. Ah maldeçoade, havias de ter uma doença tã grande, tã grande, ca água do mar transfermada em tinta na desse pa escrever o nome dela.



3. Oh maldeçoade, só queria que tevesses sem um tostão ferade na aljebêra,

que visses uma cartêra cheia de notas caída na rua e quando te fosses

abaixar pr'á apanhar te caísse a tampa do pête.



4. Oh maldeçoade havia de te crescer um par de cornos tã grandes e tã

pequenos, que dois cucos a cantarem, cada um na sua ponta, nã se ouvissem um ao outro.



5. Amaldeçoade môce, havia de te dar uma dor tã grande, tã grande, que só te passasse com o sumo de pedra.



6. Havias de ter uma fome tã grande ou tã pequena, que cabessem os

alcatruzes todos que tem o mar dentro da tua barriga.



7. Ah moça marafada, havias de apanhar tante sol, tante sol, que

t'aderretesses toda e fosse preciso apanhar-te às colheres como a banha.



8. Que te desse uma traçã no b'raco desse cu, que tevesses sem cagar oito

dias e quando cagasses só cagasses figos de pita inteiros.



9. Ah marafada, havias de fecar tão magra, tão magra, que passasses po

b'raco duma agulha de braços abertos.



10. Ah maldeçoada, havia de te dar uma dor tã fina, tã fina, que ficasses

enrolada que nem um carro de linhas.



11. Havia de lhe dar uma febre tã grande, e tã pequena, que lhe derretesse a

fevela do cinte e os betons da farda.



12. Permita Dês que toda a comida que hoje quemeres, amanhã a vás cagar ao cemitério já de olhos fechados.



13. Oh maldeçoado môce, havias de ter uma dor tã grande, tã grande, que te

desse p'andar. Mas que andasses tante, tante, que gastasses as pernas até

aos joelhes.


A praia é linda e as pessoas são simpáticas.  As maldições são folclore.

MULHERES

quinta-feira, maio 30, 2013

ARTIGO DE MIGUEL SOUSA TAVARES


                                     COMPLETAMENTE BARALHADO




Maria - Oh Aníbal, já leste os jornais?Aníbal - Li.Maria - Leste a entrevista ao Sousa Tavares?... Aníbal - Oh Maria o Sousa Tavares já morreu.Maria - O filho…!Aníbal - Mas o nosso filho deu uma entrevista?Maria - Não! O filho do Sousa Tavares que morreu.Aníbal - Morreu o filho do Sousa Tavares???? Temos que mandar flores.Maria - F....... Aníbal, Vê se me entendes: O Miguel Sousa Tavares, filho do Sousa Tavares que morreu, deu uma entrevista!!!Aníbal - Ah!!! Aquele que é jornalista!!Maria - Sim e advogado.Aníbal - Nunca gostei de advogados… e muito menos de jornalistas. Desse Sousa Tavares não se aproveita nada!Maria - Sim ok! Foi esse que deu a entrevista.Aníbal - É interessante a Entrevista?Maria - Então tu não leste?Aníbal- Ando aqui às voltas com jornal que deve ser de ontem.Maria - Qual jornal?Aníbal - O Tal e Qual.Maria - Mas esse jornal fechou há uma série de anos…Aníbal - Foi? Bem que me estava a parecer estranho o Joaquim Letra estar tão bem conservado…Maria - Não há paciência Aníba! Presta atenção. O Sousa Tavares chamou-te palhaço!Aníbal - Foi? Que mal educado.Maria - É so isso que tens para dizer? Não vais fazer nada?Aníbal - Vou! Tenho o número de casa do pai. Vou lhe dizer para ver se põe o filho na ordem….Maria - Mas o Sousa Tavares já morreu.Aníbal - Mau Mau! Então como é que deu a entrevista?Maria - P... q.. p.... esta merda. Para o que estava guardada…Aníbal - Não precisas de te chatear. Se não conseguimos falar com o pai, falamos com a mãe… Conhece-la?Maria - Oh Anibal desce a terra. A mãe morreu há montes de anos!Aníbal - Não estava a falar da tua mãe!Maria - Nem eu f....-se! Estava a falar da mãe do Sousa Tavares, da Sophia de Mello Breyner.Aníbal - Sim. Essa mesmo. temos o número?Maria - Foda-se a mulher morreu!!! Percebes?Aníbal - Mais flores? Não temos dinheiro para isto…Maria - Esquece!Aníbal - Então e um tio dele?Maria - Um tio???? Qual tio?Aníbal - Por exemplo, aquele que é actor! O Sr. Contente!Maria - O Nicolau Breyner?Aníbal - Esse mesmo. temos o número dele?Maria - Mas por alma de quem é que vais ligar ao Nicolau Breyner?Aníbal - Para lhe fazer queixa do sobrinho.Maria - Mas o Sousa Tavares não é sobrinho do Nicolau Breyner? De onde te saiu essa ideia?Aníbal - Tem o apelido da mãe, mas foste tu que falaste nele… Maria - Pois! Tu também tens o mesmo apelido da Ivone Silva e ela não era tua tia, pois não?Aníbal - Quem é essa? Não estou a ver.Maria - Não estás ver e não vai ver porque também já morreu.Aníbal - F....-se! Mas o que é que se passa hoje? É só mortos!Maria - E eu devo ir a seguir…Aníbal - Não digas isso. É pecado.Maria - Pecado é ter que te aturar meu Palhaço. Ooops!!! Esquece a entrevista!
Miguel Sousa Tavares 

SE PASSOS COELHO FOSSE HONESTO

A REDUÇÃO das reformas e pensões são as piores, mais cruéis, e moralmente mais criminosas, das medidas de austeridade a que, sem culpa nem julgamento, fomos condenados pelo directório tecnocrático que governa o protectorado a que os nossos políticos reduziram Portugal.




Para os reformados e pensionistas, o ano de 2013 vai ser ainda pior do que este 2012. Os cortes vão manter-se ou crescer e, com o brutal aumento de impostos, a subida dos preços dos combustíveis, do gás e da electricidade, e o encarecimento de muitos bens essenciais, o rendimento disponível dos idosos será ainda menor.



Os aposentados são indefesos. Com a existência organizada em função dum determinado rendimento, para o qual se prepararam toda a vida, entregando ao Estado o estipulado para este fazer render e pagar-lhes agora o respectivo retorno, os reformados não têm defesa. São agora espoliados e, não tendo condições para procurar outras fontes de rendimento, apenas lhes resta, face à nova realidade que lhes criaram, não honrar os seus compromissos, passar frio, fome e acumular dívidas.



No resto da Europa, os velhos viram as suas reformas não serem atingidas e, em alguns casos, como sucedeu, por exemplo, em Espanha, serem até ligeiramente aumentadas. Portugal não é país para velhos. Os políticos devem pensar que os nossos velhos já estão mortos e que, no fim de contas, estamos todos mal enterrados...OS MONSTROS DE PORTUGAL !AI SE PASSOS COELHO FOSSE HONESTO !

SE Passos Coelho começasse por congelar as contas dos bandidos do seu partido que afundaram o país, era hoje um primeiro ministro que veio para ficar.



Se Passos Coelho congelasse as contas dos offshore de Sócrates que apenas se conhecem 380 milhões de euros ( falta o resto) era hoje considerado um homem de bem.



Se Passos Coelho tivesse despedido no primeiro dia da descoberta das falsas habilitações o seu amigo Relvas, era hoje um homem respeitado.



Se Passos Coelho começasse por tributar os grandes rendimentos dos tubarões, em vez de começar pela classe média baixa, hoje toda a gente lhe fazia um vénia ao passar.



Se Passos Coelho cumprisse o que prometeu, ou pelo menos tivesse explicado aos portugueses porque não o fez, era hoje um Homem com H grande.



Se Passos Coelho, tirasse os subsídios aos políticos quando os roubou aos reformados, era hoje um homem de bem. Se Passos Coelho tivesse avançado com o processo de Camarate, era hoje um verdadeiro Patriota.



Se Passos coelho reduzisse para valores decimais as fundações e os observatórios, era hoje um homem de palavra. Se Passos Coelho avançasse com uma Lei anti- corrupção de verdade doa a quem doer, com os tribunais a trabalharem nela dia e noite, era já hoje venerado como um Santo.

...etc etc etc.

MAS NÃO !!!!
PASSOS COELHO É HOJE VISTO COMO UM MENTIROSO, UM ALDRABÃO, UM YES MAN AO SERVIÇO DAS GRANDES EMPRESAS, DA SRª MERKEL, DE DURÃO BARROSO, DE CAVACO SILVA, MANIPULADO A TORTO E A DIREITO PELO MAIOR VIGARISTA DA HISTÓRIA DAS FALSAS HABILITAÇÕES MIGUEL RELVAS, E UM ROBOT DO ROBOT SEM ALMA E CORAÇÃO, VITOR GASPAR.

Joaquim Letria

segunda-feira, maio 27, 2013

COMUNICADO DO SINDICATO DOS PALHAÇOS





O Sindicato Nacional dos Palhaços, Histriões, Jograis, Bobos, Profissionais de Stand-up Comedy e Afins do Sul e Ilhas divulgou hoje um comunicado, que abaixo reproduzimos com a devida vénia e cambalhota:     O SNPHJBPSCASI, reunido de emergência este sábado para apreciar várias notícias que nos últimos dias têm sido divulgadas sobre as declarações do sr. Sousa Tavares acerca do sr. Cavaco Silva e sobre a abertura de um inquérito às mesmas pela Procuradoria-Geral da República, vem tornar público o seu mais veemente repúdio pelas palavras do sr. Sousa Tavares, que considera altamente ofensivas e baixamente lesivas do bom nome da classe que este sindicato representa, dada a comparação degradante que essas palavras estabelecem entre os genuínos profissionais da indústria espirituosa e o referido sr. Cavaco Silva, que não é nem nunca foi palhaço, não é membro do sindicato, não tem carteira profissional nem consta que jamais tenha feito alguém esboçar o mais leve sorriso.Como é do conhecimento geral, o sr. Cavaco Silva é um indivíduo que desconhece totalmente o que seja humor, graça ou espírito, razão pela qual carece em absoluto de habilitações para poder trabalhar na nossa indústria. Trata-se de uma pessoa carrancuda, mesquinha, bisonha, tristonha e enfadonha, logo completamente desqualificada e imprópria para consumo do público. Chamar palhaço ao sr. Cavaco Silva é tentar descaradamente fazer passar gato por lebre e, como tal, um atentado à saúde mental pública, facto para o qual o nosso sindicato não deixará de chamar a atenção da ASAE.O SNPHJBPSCASI aplaude as diligências encetadas pelo Ministério Público, na esperança de que esta grave ofensa à imagem, reputação e goodwill da nobre actividade histriónica dê origem a um processo contra o sr. Sousa Tavares, tanto mais que este senhor, em lugar de se retractar devidamente e apresentar um claro pedido de desculpas à nossa classe, apenas se desculpou pifiamente, ao declarar que foi “excessivo” chamar palhaço ao sr. Cavaco Silva. Ora o ambíguo e eufemístico termo “excessivo” fica muito aquém da justiça que nos é publicamente devida, pois o sr. Sousa Tavares deveria ter reconhecido que foi não “excessivamente”, mas sim tremenda e escandalosamente benevolente ao conceder o cobiçado título de palhaço ao deprimente, desinteressante e enfadonho sr. Cavaco Silva.

terça-feira, maio 21, 2013

segunda-feira, maio 20, 2013

Eu não sei como te chamas,

ó Maria Faia!

Nem que nome te hei-de eu dar,

Ó Maria Faia, ó Faia Maria

Não te quero chamar cravo, ó Maria Faia

ó Faia Maria!

Chamo-te antes espelho, ó Maria Faia

Onde espero de me ver, ó Maria Faia

Ó Faia Maria!

 

O meu amor abalou, ó Maria Faia

Deu-me uma linda despedida,

ó Maria Faia, ó faia Maria!

Abarcou-me a mão direita

ó Maria Faia,

Adeus, ó prenda querida!

ó Maria Faia, ó Faia Maria

 

Zeca Afonso

canções de zeca afonso

Balada Do Outono

Zeca Afonso

Águas passadas do rio

Meu sono vazio

Não vão acordar

Águas das fontes calai

Ó ribeiras chorai

Que eu não volto a cantar



Rios que vão dar ao mar

Deixem meus olhos secar

Águas das fontes calai

Ó ribeiras chorai

Que eu não volto A cantar



Águas do rio correndo

Poentes morrendo

P'ras bandas do mar

Águas das fontes calai

Ó ribeiras chorai

Que eu não volto A cantar



Rios que vão dar ao mar

Deixem meus olhos secar

Águas das fontes calai

Ó ribeiras chorai

Que eu não volto
 A cantar



terça-feira, maio 07, 2013

A MORTE SAIU À RUA

A Morte Saiu à Rua


Zeca Afonso


A morte saiu à rua num dia assim


Naquele lugar sem nome para qualquer fim


Uma gota rubra sobre a calçada cai


E um rio de sangue de um peito aberto sai




O vento que dá nas canas do canavial


E a foice duma ceifeira de Portugal


E o som da bigorna como um clarim do céu


Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu




Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual


Só olho por olho e dente por dente vale


À lei assassina, à morte que te matou


Teu corpo pertence à terra que te abraçou




Aqui te afirmamos dente por dente assim


Que um dia rirá melhor quem rirá por fim


Na curva da estrada à covas feitas no chão


E em todas florirão rosas de uma nação


Zeca Afonso

quinta-feira, maio 02, 2013

A INVENÇÃO DO AMOR

Em todas as esquinas da cidade

nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros

mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes

na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém

no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga

um cartaz denuncia o nosso amor.

Em letras enormes do tamanho

do medo da solidão da angústia

um cartaz denuncia que um homem e uma mulher

se encontraram num bar de hotel

numa tarde de chuva

entre zunidos de conversa

e inventaram o amor com carácter de urgência

deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana





Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração

e fome de ternura

e souberam entender-se sem palavras inúteis



Apenas o silêncio A descoberta A estranheza

de um sorriso natural e inesperado



Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna

Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente

Embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta

de um amor subitamente imperativo



Um homem uma mulher um cartaz de denúncia

colado em todas as esquinas da cidade



A rádio já falou A TV denúncia

iminente a captura A policia de costumes avisada

procura as dois amantes nos becos e avenidas



Onde houver uma flor rubra e essencial

é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta

fechada para o mundo



É preciso encontrá-los antes que seja tarde

Antes que o exemplo frutifique

Antes que a invenção do amor se processe em cadeia



Há pesadas sanções paras os que auxiliarem os fugitivos



Chamem as tropas aquarteladas na província

convoquem os reservistas os bombeiros os elementos da defesa passiva



Todos



Decrete-se a lei marcial com todas as suas consequências

O perigo justifica-o



Um homem e uma mulher

conheceram-se amaram-se perderam-se no labirinto da cidade

É indispensável encontrá-los dominá-los convencê-los

antes que seja demasiado tarde

e a memória da infância nos jardins escondidos

acorde a tolerância no coração das pessoas



Fechem as escola

Sobretudo protejam as crianças da contaminação

Uma agência comunica que algures ao sul do rio

um menino pediu uma rosa vermelha

e chorou nervosamente porque lha recusaram

Segundo o director da sua escola é um pequeno triste

Inexplicavelmente dado aos longos silêncios e aos choros sem razão

Aplicado no entanto Respeitador da disciplina

Um caso típico de inadaptação congénita disseram os psicólogos

Ainda bem que se revelou a tempo

Vai ser internado

e submetido a um tratamento especial de recuperação



Mas é possível que haja outros. É absolutamente vital

que o diagnóstico se faça no período primário da doença

E também que se evite o contágio com o homem e a mulher

de que se fala no cartaz colado em todas as esquinas da cidade.

Está em jogo o destino da civilização que construímos

o destino das máquinas das bombas de hidrogénio

das normas de discriminação racial

o futuro da estrutura industrial de que nos orgulhamos

a verdade incontroversa das declarações políticas.

Procurem os guardas dos antigos universos concentracionários

precisamos da sua experiência onde: quer que se escondam

ao temor do castigo.

Que todos estejam a postos

Vigilância é a palavra de ordem

Atenção ao homem e à mulher de que se fala nos cartazes

À mais ligeira dúvida não hesitem denunciem

Telefonem à policia ao comissariado ao Governo Civil

não precisam de dar o nome e a morada

e garante-se que nenhuma perseguição será movida

nos casos em que a denúncia venha a verificar-se falsa.

Organizem em cada bairro em cada rua em cada prédio

comissões de vigilância. Está em jogo a cidade

o país a civilização do ocidente

esse homem e essa mulher têm de ser presos

mesmo que para isso tenhamos de recorrer às medidas mais drásticas.

Por decisão governamental estão suspensas as liberdades individuais

a inviolabilidade do domicílio o habeas corpus o sigilo da correspondência

Em qualquer parte da cidade um homem e uma mulher amam-se ilegalmente

espreitam a rua pelo intervalo das persianas

beijam-se soluçam baixo e enfrentam a hostilidade nocturna.

É preciso encontrá-los

É indispensável descobri-los

Escutem cuidadosamente a todas as portas antes de bater

É possível que cantem

Mas defendam-se de entender a sua voz.

Alguém que os escutou

deixou cair as armas e mergulhou nas mãos o rosto banhado de lágrimas

E quando foi interrogado em Tribunal de Guerra

respondeu que a voz e as palavras o faziam feliz

Lhe lembravam a infância

Campos verdes floridos Água simples correndo A brisa nas montanhas.

Foi condenado à morte é evidente

É preciso evitar um mal maior

Mas caminhou cantando para o muro da execução

foi necessário amordaçá-lo e mesmo assim desprendia-se dele

um misterioso halo de uma felicidade incorrupta.

Impõe-se sistematizar as buscas Não vale a pena procurá-los

nos campos de futebol no silêncio das igrejas nas boites com orquestra privativa

Não estarão nunca aí

Procurem-nos nas ruas suburbanas onde nada acontece

A identificação é fácil.

Onde estiverem estará também pousado sobre a porta

um pássaro desconhecido e admirável

ou florirá na soleira a mancha vegetal de uma flor luminosa,



Será então aí



Engatilhem as armas invadam a casa disparem à queima roupa

Um tiro no coração de cada um

Vê-los-ão possivelmente dissolver-se no ar Mas estará completo o esconjuro

e podereis voltar alegremente para junto dos filhos da mulher



Mais ai de vós se sentirdes de súbito o desejo de deixar correr o pranto

Quer dizer que fostes contagiados Que estais também perdidos para nós

É preciso nesse caso ter coragem para desfechar na fronte

o tiro indispensável

Não há outra saída A cidade o exige

Se um homem de repente interromper as pesquisas

e perguntar quem é e o que faz ali de armas na mão

já sabeis o que tendes a fazer Matai-o Amigo irmão que seja

matai-o Mesmo que tenha comido à vossa mesa e crescido a vosso lado

matai-o Talvez que ao enquadrá-lo na mira da espingarda

os seus olhos vos fitem com sobre-humana náusea

e deslizem depois numa tristeza liquida

até ao fim da noite Evitai o apelo a prece derradeira

um só golpe mortal misericordioso basta

para impor o silêncio secreto e inviolável



Procurem a mulher o homem que num bar

de hotel se encontraram numa tarde de chuva

Se tanto for preciso estabeleçam barricadas

senhas salvo-condutos horas de recolher

censura prévia à Imprensa tribunais de excepção

Para bem da cidade do país da cultura

é preciso encontrar o casal fugitivo

que inventou o amor com carácter de urgência



Os jornais da manhã publicam a notícia

de que os viram passar de mãos dadas sorrindo

numa rua serena debruada de acácias

Um velho sem família a testemunha diz

ter sentido de súbito uma estranha paz interior

uma voz desprendendo um cheiro a primavera

o doce bafo quente da adolescência longínqua

No inquérito oficial atónito afirmou

que o homem e a mulher tinham estrelas na fronte

e caminhavam envoltos numa cortina de música

com gestos naturais alheios Crê-se

que a situação vai atingir o climax

e a polícia poderá cumprir o seu dever



Um homem uma mulher um cartaz de denúncia

A voz do locutor definitiva nítida

Manchetes cor de sangue no rosto dos jornais



É PRECISO ENCONTRÁ-LOS ANTES QUE SEJA TARDE



Já não basta o silêncio a espera conivente o medo inexplicado

a vida igual a sempre conversas de negócios

esperanças de emprego contrabando de drogas aluguer de automóveis

Já não basta ficar frente ao copo vazio no café povoado

ou marinheiro em terra afogar a distância

no corpo sem mistério, da prostituta anónima

Algures no labirinto da cidade um homem e uma mulher

amam-se espreitam a rua pelo intervalo das persiana

constroem com urgência um universo do amor

E é preciso encontrá-los E é preciso encontrá-los



Importa perguntar em que rua se escondem

em que lugar oculto permanecem resistem

sonham meses futuros continentes à espera

Em que sombra se apagam em que suave e cúmplice

abrigo fraternal deixam correr o tempo

de sentidos cerrados ao estrépito das armas

Que mãos desconhecidas apertam as suas

no silêncio pressago da cidade inimiga



Onde quer que desfraldem o cântico sereno

rasgam densos limites entre o dia e a noite



E é preciso ir mais longe

destruir para sempre o pecado da infância

erguer muros de prisão em círculos fechados

impor a violência a tirania o ódio



Entanto das esquinas escorre em letras enormes

a denúncia total do homem da mulher

que no bar em penumbra numa tarde de chuva

inventaram o amor com carácter de urgência



COMUNICADO GOVERNAMENTAL À IMPRENSA



Por diversas razões sabe-se que não deixaram a cidade

o nosso sistema policial é óptimo estão vigiadas todas as saídas

encerramos o aeroporto patrulhamos os cais

há inspectores disfarçados em todas as gares de caminhos de ferro



É na cidade que é preciso procurá-los

incansavelmente sem desfalecimentos

Uma tarefa para um milhão de habitantes

todos são necessários

todos são necessários

Não sem preocupem com os gastos a Assembleia votou um crédito especial

e o ministro das Finanças

tem já prontas as bases de um novo imposto de Salvação Pública



Depois das seis da tarde é proibido circular

Avisa-se a população de que as forças da ordem

atirarão sem prevenir sobre quem quer que seja

depois daquela hora Esta madrugada por exemplo

uma patrulha da Guarda matou no Cais da Areia

um marinheiro grego que regressava ao seu navio



Quando chegaram junto dele acenou aos soldados

disse qualquer coisa em voz baixa e fechou os olhos e morreu

Tinha trinta anos e uma família à espera numa aldeia do Peloponeso

O cônsul tomou conhecimento da ocorrência e aceitou as desculpas

do Governo pelo engano cometido

Afinal tratava-se apenas de um marinheiro qualquer

Todos compreenderam que não era caso para um protesto diplomático

e depois o homem e a mulher que a policia procura

representam um perigo para nós e para a Grécia

para todos os países do hemisfério ocidental

Valem bem o sacrifício de um marinheiro anónimo

que regressava ao seu navio depois da hora estabelecida

sujo insignificante e porventura bêbado



SEGUE-SE UM PROGRAMA DE MÚSICA DE DANÇA



Divirtam-se atordoem-se mas não esqueçam o homem e a mulher

Escondidos em qualquer parte da cidade

Repete-se é indispensável encontrá-los

Um grupo de cidadãos de relevo ofereceu uma importante recompensa

destinada a quem prestar informações que levem à captura do casal fugitivo

Apela-se para o civismo de todos os habitantes

A questão está posta É preciso resolvê-la

para que a vida reentre na normalidade habitual

Investigamos nos arquivos Nada consta

Era um homem como qualquer outro

com um emprego de trinta e oito horas semanais

cinema aos sábados à noite

domingos sem programa

e gosto pelos livros de ficção cientifica

Os vizinhos nunca notaram nada de especial

vinha cedo para casa

não tinha televisão,

deitava-se sobre a cama logo após o jantar

e adormecia sem esforço



Não voltou ao emprego o quarto está fechado

deixou em meio as «Crónicas marcianas»

perdeu-se precipitadamente no labirinto da cidade

à saída do hotel numa tarde de chuva

O pouco que se sabe da mulher autoriza-nos a crer

que se trata de uma rapariga até aqui vulgar

Nenhum sinal característico nenhum hábito digno de nota

Gostava de gatos dizem Mas mesmo isso não é certo

Trabalhava numa fábrica de têxteis como secretária da gerência

era bem paga e tinha semana inglesa

passava as férias na Costa da Caparica.

Ninguém lhe conhecia uma aventura

Em quatro anos de emprego só faltou uma vez

quando o pai sofreu um colapso cardíaco

Não pedia empréstimos na Caixa Usava saia e blusa

e um impermeável vermelho no dia em que desapareceu.

Esperam por ela em casa: duas cartas de amigas

o último número de uma revista de modas

a boneca espanhola que lhe deram aos sete anos

Ficou provado que não se conheciam

Encontraram-se ocasionalmente num bar de hotel numa tarde de chuva

sorriram inventaram o amor com carácter de urgência

mergulharam cantando no coração da cidade.

Importa descobri-los onde quer que se escondam

antes que seja demasiado tarde

e o amor como um rio inunde as alamedas

praças becos calçadas quebrando nas esquinas.

Já não podem escapar Foi tudo calculado

com rigores matemáticos Estabeleceu-se o cerco

A policia e o exército estão a postos Prevê-se

para breve a captura do casal fugitivo.

(Mas um grito de esperança inconsequente vem

do fundo da noite envolver a cidade

au bout du chagrin une fenêtre ouverte

une fenêtre eclairée).



DANIEL FILIPE (1925-1964)

Poeta caboverdiano