Do meu amigo Elfo, recebi como comentário ao post "A nossa Amazónia", um testemunho que eu acho importante publicar na primeira página. Espero que ele não se importe! É importante não esquecer....
"Aos pés da minha cidade corria um ribeiro de águas límpidas onde costumávamos banhar-nos nos finais das tardes calmas de julho e agosto e na volta para casa levávamos sacos com trutas apanhadas à mão nos buracos das pedras.Hoje é um esgoto a céu aberto onde nem as rãs nem as cobras querem viver e os pássaros não descem para beber.Tenho vergonha de mostrar aquele ribeiro à minha filha pois acho que não fiz o suficiente para evitar que os "patos bravos" construíssem desalmadamente próximo do ribeiro.Herdámos o ribeiro e destruí-mo-lo sem deixar rasto para a geração que se seguia.
A serra dos meus encantos para onde os meus olhos se dirigiam quando saía de casa era de um verde forte com correntes de água que caíam do alto das montanhas e isso era uma coisa que estava presente todos os dias da minha infância, e, era tão certo e sagrado como as estrelas do céu nocturno. Quando, com o meu pai, nos deitávamos lado a lado na soleira da porta a olhar as estrelas, o meu pai sempre me dizia que não tentasse contar as estrelas pois isso causava "cravos" nas mãos.Hoje a serra é preta e cinzenta pelos incêndios causados pelo desmazêlo dos homens e eu... já não tenho o meu pai...Parece que uma força da natureza cuidava para que eu tivesse o melhor de tudo. Vivia na cidade e no campo e vi crescer a cidade e assisti ao desaparecimento do campo que deu lugar a um parque industrial e a uma auto-estrada. Os rebanhos de ovelhas desapareceram e nunca mais ouvi o balir dos anhos à minha porta nem o toque dos címbalos que anunciavam a chegada do pastor.Hoje moro num 3º andar num prédio onde nos meus tempos de menino era uma quinta que produzia alimentos e, quando me dirijo às compras tudo o que vejo à venda vem de países estrangeiros. O que é que é que eu digo à minha filha? que lhe usurpei a herança que era dela por direito? Sim, porque foi a minha geração que destruíu tudo o que ficou para trás.
8 comentários:
Agora uma lágrima rebelde assomou no meu olho direito, mas não, não me importo.
Eu sabia que não. Obrigada e beijinhossssssssss
Vim logo a correr...
E que vamos deixar?! Ou melhor, que vai deixar a tua filha como herança?! Preocupa-me o que o nosso futuro vai legar...
E a mim também! Como é possível destruir-se tudo, sem qualquer pudor!
Gosto imenso do Confessionário! É um espaço muito bonito.
Obrigada e muitos parabéns!
DAD
Será um sinal dos tempos andarem Galos no Rio?
Claro que são sinais dos tempos! Galos no rio, peixes em terra, gaivotas no crude.... baleias a suicidarem-se nas praias... mas a eterna esperança que tudo possa ser ainda remediado também são sinais dos tempos, não é meu amigo Galrio?
Bjs DAD
Ó Galrio, qual é o teu blog?
Quero visitar-te!
DAD
DAD eu sou o Elfo e já me visitaste.
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